Suspensão do serviço da dívida é "boa medida" mas Cabo Verde quer mais - Governo

PorLusa,24 ago 2020 7:35

O vice-primeiro-ministro, Olavo Correia, afirmou este domingo que a suspensão do serviço da dívida do país, aprovada após o apoio do G20, é “uma boa medida” no imediato, mas pediu a sua conversão em investimentos.

“O povo de Cabo Verde agradece este gesto que vai dar ao executivo maior folga para a batalha na mitigação desta crise que o país e o mundo atravessa”, afirmou Olavo Correia.

A Lusa noticiou na quinta-feira que o grupo de países credores responsável pela organização da Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) anunciou que Cabo Verde vai beneficiar da isenção de pagamentos de dívida até 31 de Dezembro deste ano.

"Segundo o pedido feito para a DSSI e apoiada pelo G20, o Clube de Paris reconheceu que a República de Cabo Verde é elegível para beneficiar da iniciativa, por isso os representares dos Países Credores no Clube de Paris aceitaram fornecer a Cabo Verde uma suspensão do serviço da dívida de 01 de Maio até 31 de Dezembro deste ano", lê-se numa nota consultada pela Lusa.

Assumindo tratar-se de uma “boa medida de curto prazo”, o vice-primeiro-ministro, que é também ministro das Finanças, assume que o objectivo é ir mais além: “Ainda temos um grande trabalho a ser feito por forma a que possamos atingir os resultados que o país almeja em relação ao longo prazo que é a conversão da dívida pública externa atual de Cabo Verde em investimentos estratégicos para o futuro”.

Na nota divulgada quinta-feira pela Lusa, os credores oficiais explicam que "o Governo da República de Cabo Verde está empenhado em canalizar os recursos libertados por esta iniciativa para o aumento da despesa para mitigar os impactos económicos, sociais e de saúde da crise da covid-19, e está também empenhado em procurar de todos os credores oficiais bilaterais um tratamento do serviço da dívida que esteja em linha com os termos da proposta".

No texto disponível no 'site' do Clube de Paris, lê-se ainda que estes credores "vão continuar a coordenar-se de perto com outros responsáveis na fase de implementação desta iniciativa, em particular quando considerando uma possível extensão do período de suspensão" dos pagamentos destes dois países lusófonos.

Os membros do Clube de Paris "que participam na reorganização da dívida de Cabo Verde são os governos da Bélgica, França, Japão, Federação Russa e Espanha", sendo que "Portugal também participa na reorganização da dívida do país".

Os observadores da implementação são representantes dos governos da Austrália, Áustria, Brasil, Canadá, Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Irlanda, Israel, Itália, Holanda, Noruega, Coreia do Sul, Suécia, Suíça, Reino Unido e Estados Unidos da América.

O texto do Clube de Paris não apresenta os valores envolvidos na suspensão dos pagamentos.

A Lusa noticiou também que o ‘stock’ da dívida pública cabo-verdiana renovou máximos em Maio, pelo segundo mês consecutivo, chegando a 136,9% do Produto Interno Bruto (PIB) estimado para 2020, segundo cálculos com base nas estatísticas do banco central.

De acordo com um relatório mensal do Banco de Cabo Verde sobre indicadores económicos e financeiros, a dívida pública do país totalizava 251,6 mil milhões de escudos em 31 de Maio, excluindo os títulos consolidados de mobilização financeira.

Trata-se de um aumento de quatro pontos percentuais no espaço de um mês, tendo em conta que o ‘stock’ da dívida pública já tinha disparado em abril para um pico de 132,8% do PIB, devido às necessidades de financiamento provocadas pela pandemia de covid-19, justificou anteriormente o Governo.

Tendo em conta a revisão em baixa da previsão do PIB de Cabo Verde para 2020, no Orçamento do Estado Rectificativo já em vigor, que passou a ser de 183.748 milhões de escudos, o ‘stock’ da dívida pública cabo-verdiana subiu para 136,9% do PIB.

No mesmo relatório, o banco central destaca que com “o aumento das necessidades de financiamento do Estado”, devido ao reforço dos apoios sociais às empresas e às famílias, ao reforço do sistema de saúde e à forte quebra nas receitas fiscais, o ‘stock’ da dívida pública aumentou 8.236 milhões de escudos em 2020, só até 31 de Maio.

Até final do ano, segundo a previsão do Governo, o ‘stock’ da dívida pública deverá ascender a 267.880 milhões de escudos, equivalente a 145,8% do PIB esperado para o país.

Devido à pandemia de covid-19, o Governo prevê para 2020 uma recessão económica que poderá oscilar entre os 6,8% e os 8,5% e um défice das contas públicas de até 11,4% do PIB.

A taxa de desemprego no país deverá duplicar até final do ano, chegando a quase 20%.

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Autoria:Lusa,24 ago 2020 7:35

Editado porSara Almeida  em  6 jun 2021 23:21

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