“É algo que está em processo e vai ser concretizado”, afirmou Ulisses Correia e Silva, durante a inauguração da sede da Autoridade da Zona Económica Especial Marítima em São Vicente, um “projecto estruturante” para a ilha e cujo “conceito” está apoiado igualmente no terminal de cruzeiros.
“Em princípios de Março estaremos a fazer o acto de adjudicação”, anunciou o governante, embora sem revelar o consórcio de empresas selecionado.
Segundo uma nota da Enapor, empresa estatal que gere os portos do país, a primeira fase do concurso público para esta empreitada terminou em Agosto do ano passado com a pré-seleção de cinco grupos empreiteiros: Afcons Infrastructures (Índia), Conduril Engenharia (Portugal), consórcio Mota-Engil/Empreitel Figueiredo (Portugal/Cabo Verde), consórcio Sogea-Satom/Dumez Maroc (França/Marrocos) e Soletanche Bachy International (França).
O ministro da Economia Marítima cabo-verdiano, Paulo Veiga, disse no final de Janeiro que já foi escolhida a empresa para construir o terminal de cruzeiros e que o contrato vai ser assinado em breve após aprovação dos financiadores.
“Brevemente vamos assinar o contrato da obra do terminal de cruzeiros”, perspetivou o governante, lembrando que Portugal é um dos países que presta apoio para o desenvolvimento das competências para a gestão do terminal de cruzeiros.
Questionado sobre o nome do consórcio vencedor, o ministro disse que prefere esperar pela manifestação dos financiadores para não criar expectativas.
O terminal de cruzeiros da ilha de São Vicente será um dos maiores investimentos públicos recentes no arquipélago, que deveria arrancar em 2019, mas sofreu sucessivos atrasos, devido à pandemia de covid-19.
Deverá receber anualmente 200.000 turistas de cruzeiro, prevê a construção de dois pontões para atracação de navios com mais de 400 metros de extensão e de uma vila turística.
A obra é cofinanciada pela Fundo Orio, dos Países Baixos, e pelo Fundo OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) para o Desenvolvimento Internacional, que têm de se pronunciar sobre esta fase do concurso.
Os trabalhos vão envolver a reivindicação de uma área de terra, denominada “Ponte Terrestre”, com 2.700 metros quadrados (m2), e a dragagem de aproximadamente 124.000 metros cúbicos na bacia portuária e no canal de acesso.
Entre outras características, o projeto prevê ainda a construção de um pontão de atracação de 400 metros de extensão com 11 metros de profundidade e outro de 450 metros com 9,5 metros de profundidade, além de um cais com uma largura de 12 metros, uma gare de passageiros, uma vila turística e uma zona imobiliária.
Prevê também a construção de um edifício de receção aos turistas com cerca de 900 m2, e instalações com 6.150 m2 para estacionamento de táxis e autocarros de apoio.
Oito portos de Cabo Verde receberam em 2020 mais de 18 mil turistas em navios de cruzeiro, número que a pandemia de covid-19 reduziu em 63,4% face a 2019.
De acordo com o relatório de tráfego anual elaborado pela Enapor, foram movimentados 40 navios de cruzeiro em todo o ano de 2020, metade dos quais – e 10.690 turistas - no Porto Grande, cidade do Mindelo, ilha de São Vicente, construído em 1962.
No total, oito portos de Cabo Verde receberam, essencialmente no primeiro trimestre de 2020 - tendo o país limitado o acesso no resto do ano devido à pandemia - 18.872 passageiros.
Cerca de 48.500 turistas em viagens de cruzeiro visitaram Cabo Verde em 2019, um novo recorde anual, com 149 navios de cruzeiro, segundo a Enapor.