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“Foi com muita surpresa que demos conta que a escola seria na Calheta. O departamento é muito exíguo [face] à exigência que temos de formação para o mar. Estávamos à espera de uma verdadeira Escola do Mar. Aliás, estávamos à espera de uma faculdade do Mar a nascer no novo Campus da Universidade de Cabo Verde – aproveitar a cooperação chinesa e equipar essa faculdade”, diz.
“Em segundo lugar, porque Calheta? Calheta não tem massa crítica em termos de actividades do mar, não tem professorado, não tem instalações, não tem condições para receber toda essa massa estudantil que a Escola do Mar, pensada como nós pensámos, vai potenciar. Nós vamos continuar a combater para que haja uma verdadeira Escola do Mar, para que tenha condições de acolher alunos de toda a proveniência”, refere.
José Jorge de Pina, mestre em gestão de transporte marítimo e um dos fundadores da autoridade marítima nacional, entende que a Escola do Mar em Santiago deveria ter condições de servir toda a região Sul do País, com capacidade para acolher alunos de todas as ilhas de Sotavento, com biblioteca, laboratórios, salas de aula e simuladores. Também defende uma oferta formativa diversificada, nomeadamente de profissionais para a mestrança e marinhagem, para as pescas e marinha mercante, assim como administração e segurança marítima.
“São milhares de jovens que encontrariam, finalmente, emprego. Portanto, diminuiríamos o desemprego, traríamos divisas aos milhões para Cabo Verde. É só fazer contas: um oficial da marinha, mercante, ao começar, ganha para cima de 300 contos, um marinheiro ganha cento e tal contos para cima, um cozinheiro a mesma coisa. É só para ver como é que isso ajudaria Cabo Verde, mas para isso é preciso fazer pelo menos mais uma escola. Isto é bom para as famílias e é uma justiça, uma democraticidade em termos de capacitação para a empregabilidade”, defende.
Por outro lado, o presidente da Pró Praia diz-se satisfeito por se reconhecer a necessidade de instalar uma instituição de formação marítima em Santiago.
A ilha de Santiago dispõe desde esta quarta-feira de um Pólo da Escola do Mar. A infraestrutura, localizada em Achada Pizara, no município de São Miguel vai servir os municípios de Santiago e as ilhas mais a Sul.
De acordo com uma nota do Ministério do Mar, a Escola do Mar – Pólo Santiago conta com uma oferta formativa vocacionada para diversas áreas de formação profissional, mormente transportes marítimos, portos e logística, pesca, aquacultura e indústria do pescado, reparação e construção naval, bunkering e serviços marítimos, recursos naturais e de origem marinha, turismo costeiro e marítimo, segurança e protecção marítima e manuseamento e conservação de pescado.
A Escola do Mar foi criada em São Vicente, em Novembro de 2019, e tem por objectivo desenvolver e implementar acções de formação básica modular e técnico profissional nos domínios da economia marítima, respondendo às necessidades nacionais e internacionais.
