O apelo foi apresentado por Carlos Lopes em declarações à Inforpress, explicando que o sindicato já avançou essa possibilidade de renovação por mais três meses ao Governo, e aguarda uma resposta favorável neste sentido, considerando ser esta a única forma de evitar maiores problemas para os trabalhadores da TACV.
“Se não houver esse apoio do Governo de renovação do lay off, isso pode pôr em causa a retoma da normalidade das actividades, já que a empresa não dispõe de recursos para garantir lay off do regime normal”, disse, indicando que as receitas que estão a entrar com a taxa de ocupação actual dos aviões mal chegam para o pagamento do wet leasing, que inclui o avião, a tripulação e os seguros.
“Portanto não se pode pensar que começou a chover dinheiro na TACV. De maneira que neste momento podemos dizer que a TACV precisa da renovação da lay off que vinha vigorando até 31 Dezembro do ano passado como de pão para boca”, acrescentou .
Carlos Lopes conta que após receberam a comunicação da empresa de avançar com o regime normal de suspensão do contrato de trabalho, o sindicato reuniu-se com o conselho de administração da empresa que expôs as dificuldades da empresa.
“Essa comunicação feita pela empresa fez uma ressalva que também ficou vincada na acta elaborada na Direcção-geral de Trabalho, de que a empresa avançou com essa medida, mas condicionado, e que caso as autoridades do país vierem a adoptar um regime mais favorável, irá aderir a esse regime mais favorável”, afirmou.
Segundo o sindicalista, a lista de trabalhadores abrangidos pelo regime normal de suspensão de contratos de trabalho, já aprovado pela Direcção-geral do Trabalho é de 132, devendo os mesmos receber cerca de 62,5%, já que ficou acordado que os primeiros sete dias de cada um dos quatro meses irão receber o salário completo e os outros dias 50%.
“Entretanto, nós estamos a apostar seriamente que o Governo vai considerar o apelo que nós fizemos. Há trabalhadores que estão numa situação extremamente complicada, especialmente aqueles que foram transferidos para o Sal. Nós pedimos a atenção não só do Governo, como também da administração da empresa e vincamos isso na Direcção-Geral do Trabalho que a situação da TACV não é culpa dos trabalhadores”, disse.
Carlos Lopes sustentou que os trabalhadores querem trabalhar e que só não estão a fazê-lo por culpa das políticas praticadas pelo Governo e da gestão desastrosa feita pelos irlandeses.
“O Estado enquanto dono da empresa não pode sobrecarregar os trabalhadores pelas más políticas que foram feitas. Daí que nós fizemos esse apelo e estamos à espera que de facto o Governo reconsidere a sua posição porque senão estariam a pôr em causa a retoma da TACV”, reiterou.
Numa carta endereçada aos sindicatos dos trabalhadores e a que a Inforpress teve acesso, a presidente do conselho de administração da TACV, Sara Pires, explicou que a medida visa, sobretudo, fazer face ao fim da vigência do regime simplificado de suspensão de contrato de trabalho (lay-off) adoptado pelo Governo como medida excepcional e temporária de protecção dos postos de trabalho, por força da pandemia da covid-19.
Sara Pires lembrou que após uma longa paragem de 21 meses, com a perda de 100% dos seus rendimentos, a empresa retomou as operações a 27 de Dezembro de 2021, mas sublinhou que por imposição da conjuntura internacional e, fundamentalmente, da condição financeira da empresa, esta retoma será ainda, por um tempo indeterminado, “bastante tímida”, não se perspectivando o regresso aos níveis de produtividade pré-pandemia antes de 2024-2025.