Jorge Spencer Lima, falava em declarações à Inforpress, reiterando que os preços exorbitantes das passagens têm uma influência grande no turismo em qualquer destino, mas particularmente para Cabo Verde, que dista menos de quatro horas da Europa.
O responsável pela Câmara do Turismo exemplificou, que neste momento, só o transporte corresponde a cerca de 50 por cento do pacote do destino Cabo Verde, o que é “elevado”, conforme sublinhou, se se tiver em conta os outros destinos competitivos, ponderando que a diferença não está no custo dos hotéis, mas no custo da viagem que é “extremamente elevado”.
“Não só para os turistas que os custos das passagens são elevados…, mas extremamente elevados para os próprios cabo-verdianos que queiram viajar, tendo de pagar quase o dobro que deveriam pagar para viajarem de férias”, analisou, referindo que o problema que se põe tem que ver com a conectividade e competitividade.
Ao fazer essa leitura, Jorge Spencer Lima vai mais longe afirmando que Cabo Verde está a ser “digerido praticamente” pelo sistema de monopólio da TAP, pelos “preços que quer” e pratica-os como quer para Cabo Verde.
“Em condições mesmo torturáveis. Há um abuso da posição da TAP relativamente a Cabo Verde. Nós temos que encontrar alternativas. A TACV tem que voar mais e melhor, tem que ser competitivo. A TACV é a nossa arma de combate, mas não está a conseguir sair do chão… não sei porquê?” questionou o responsável, em tom de desolação, manifestando confiança, entretanto, na companhia de bandeira.
“Eu confio, acredito e aposto na TACV… agora é preciso mudar de rumo rapidamente. Com tanta capacidade instalada que tem, em termos de pessoal de manutenção, tem gente que nunca mais acaba, e não tem aviões”, desabafou, aludindo que neste momento, alugar aviões, é a coisa mais simples que existe no mundo.
Acreditando que um dia a TACV vai melhorar, ter outros aviões, ser competitivo, Jorge Spencer Lima aprova a ideia do Governo, quanto à possibilidade de trazer voos ‘low cost’ para Cabo Verde o que poderá permitir maior diversificação dos mercados de origem e dos segmentos.
“Os low cost podem ser uma solução. Vamos ver o que vai acontecer. Mas não esquecer que os low cost são financiados por nós, pelos bolsos dos contribuintes cabo-verdianos. Os low cost não vão para destinos onde os preços não são apetecíveis”, acautelou a mesma fonte, compreendendo, todavia, que é preciso encontrar solução, já que, conforme disse, as encontradas até agora “falharam todas”.
Por outro lado, atendendo que o mercado é livre, e não se pode impor preços às companhias aéreas, o presidente da Câmara do Turismo concluiu, dizendo que para que a situação venha a melhorar, a solução passa pela eliminação do “monopólio real” que existe neste momento da TAP, só possível, acentuou, através da TACV.
“Resolver o problema com a lei, pôr TACV a voar, dar TACV aviões, pôr TACV a fazer o papel que sempre fez em Cabo Verde. Acordar a TACV, deixar os nossos pilotos voarem, deixar a nossa gente mostrar que somos capazes. A TACV tem uma capacidade instalada muito boa, tem um activo grande. O Governo é que tem que tomar medidas”, enfatizou, em tom de apelo.