José Maria Neves, que falava num jantar de gala empresarial da Câmara de Comércio de Sotavento, sublinhou que é fundamental que os empresários cabo-verdianos se unam, salientando que para um pequeno País como Cabo Verde há muita segmentação na organização do patronato.
“É importante que as diferentes empresas, das diferentes ilhas encontrem uma plataforma comum de organização para poderem ter uma maior capacidade de influenciação das políticas públicas no plano nacional e terem também um poder negocial com o Estado de Cabo Verde e com instituições financeiras internacionais”, disse.
O Chefe de Estado acrescentou que, tendo em atenção o contributo do sector privado para o crescimento da economia, é preciso fomentar uma maior ingerência do sector privado na formação de políticas públicas e nas negociações internacionais a propósito do financiamento de importantes projectos de desenvolvimento do País.
“Refiro-me à capacidade do sector empresarial de realizar os seus próprios estudos, desenhar cenários de crescimento e desenvolvimento da nossa economia. Refiro-me também à capacidade do sector privado em identificar e negociar fontes de financiamento com vantagens para as empresas cabo-verdianas”, indicou.
As queixas maiores têm a ver com o financiamento e com o elevado custo do dinheiro em Cabo Verde. Neste sentido indicou que é preciso negociar financiamentos a níveis comportáveis para o sector privado cabo-verdiano, sobretudo, nestes momentos difíceis e de múltiplas crises.
No entanto, considerou que há muita possibilidade de, em parceria com o Governo, negociar os projectos com níveis aceitáveis de concessionalidade e depois o Estado reverter esses empréstimos às empresas com vantagens para o sector privado e para o País.
“Então temos de ter capacidade de negociar projectos junto Fundo Monetário Internacional, do Banco Mundial, do Banco Africano de Desenvolvimento, do Banco Europeu de Investimento, do Banco Árabe de Desenvolvimento Económico da África, do Banco de Investimento da África Ocidental e de outras instituições financeiras internacionais”, apontou.
José Maria Neves frisou que a dimensão da economia acaba por limitar enormemente a competitividade do País e, por isso, defende que é preciso que haja muito trabalho, pragmatismo e muita inteligência para fazer face aos actuais tempos difíceis para as empresas e para as famílias.
O Presidente da República considerou que o sector privado já ganhou dimensão, tem neste momento condições para ser mais presente, ser muito mais activo para participar, mais activamente, num conjunto de processos decisórios, a nível do País, sublinhando que é nos tempos difíceis que se pode fazer a diferença.
Por seu turno, o presidente da Câmara de Comércio de Sotavento (CCS), Marcos Rodrigues, assegurou que os empresários nunca fugirão às suas responsabilidades, mas exigiu mais respeito pelo tecido empresarial.
“É com os empresários que o Governo desde País pode construir a Nação, são os empresários que podem dar sentido ao País, gerar empregos, pagar impostos para que se façam hospitais, estradas, escolas e outras coisas, é com os nossos impostos que geramos e entregamos ao Estado para que possa fazer a sua tarefa principal e desenhar as políticas de desenvolvimento”, apontou.
Marcos Rodrigues disse que fará tudo que estiver ao seu alcance e lutará com toda energia para que os empresários cabo-verdianos possam ter um lugar de respeitabilidade neste País e deixar de serem vistos apenas como contribuintes.