“A partir de Julho, para os clientes, nós teremos, muito provavelmente, uma redução dos custos dos serviços, porque teremos menos custos operacionais a suportar. Não só para os clientes, como para os accionistas, que poderão ver a sua margem de dividendos aumentar pela queda dos custos operacionais relacionados com a gestão das três empresas do grupo”, afirmou João Domingos Correia.
O presidente do conselho de administração respondia à Lusa após a assembleia-geral, na Praia, em que o grupo de telecomunicações aprovou as contas de 2022.
A CVTelecom comunicou no final de Dezembro passado o adiamento, então sem nova data, da fusão das três operadoras do grupo, que estava prevista para 01 de Janeiro de 2023.
A fusão foi aprovada em assembleia-geral em Julho passado, mas o Estado, que controla o grupo, condicionou o processo da fusão e convergência à conclusão prévia do processo de instalação de uma unidade grossista, “para separar aquilo que é o negócio grossista dos restantes negócios”, explicou Domingos Correia.
“Os negócios grossistas alavancados sobre o cabo submarino internacional e sobre o cabo submarino interilhas. Os restantes negócios, portanto, permanecem na gestão directa da CVTelecom”, acrescentou.
Segundo o presidente da CVTelecom, a conclusão do processo de separação do grupo, entre a unidade grossista que gere a rede de telecomunicações e a que vai desenvolver o produto e os negócios “já chegou ao seu fim”.
“Nós teremos mais ou menos um mês, um mês e qualquer coisa, para estarmos em condições de realizar a fusão e a convergência das empresas”, garantiu.
“Já temos espaço, já temos sistemas de informação delimitados, já temos trabalhadores identificados para iniciar a operação [grossista] e, portanto, estarão já no espaço, arrendando, autónomo em relação à empresa, a tentar recolher as informações e a organizar o processo de trabalho durante o mês de Junho, para no mês de Julho nós entrarmos no processo de fusão e da convergência das empresas”, sublinhou.
O grupo estatal lidera o mercado cabo-verdiano, que disputa com a operadora privada de origem angolana Unitel T+, que já disponibiliza Internet, televisão e telemóvel num único serviço.
Questionado pela Lusa, João Domingos Correia reiterou que o processo não implicará despedimentos: “Obviamente que sim, que não implica a redução [de postos de trabalho] porque a dinâmica do mercado, pelo contrário, requer que nós desenvolvemos mais negócios e o desenvolvimento de mais negócios requer o recrutamento de mais trabalhadores, mas com perfis ligeiramente diferentes de trabalhadores que nós temos tido até aqui, porque são já pessoas com perfil no digital”.
“A fusão das empresas do grupo CVTelecom permitirá a convergência tecnológica das infraestruturas, dos sistemas de informação e das ofertas no mercado. Este processo resultará em ganhos adicionais tais como a redução do ‘time-to-market’ e a melhoria de competitividade da empresa e do sector, factores chave e determinante na dinamização da economia digital e na internacionalização dos negócios”, explicou antes a empresa, sobre a fusão, em carta dirigida aos parceiros.
Recordava que a CVTelecom, com o capital social de mil milhões de escudos (nove milhões de euros) é “a maior empresa de comunicações electrónicas de Cabo Verde” e o grupo “responsável pela infraestruturação do sector das telecomunicações do país”, que “passa por um processo de transformação que se operacionalizará através da fusão das empresas”, por “incorporação da CVMóvel, SA e da CVMultimédia, SA na Cabo Verde Telecom, SA”.
“Neste momento, os clientes, particularmente quando falamos dos serviços entregues, estão a ser feitos sob a forma de três contratos autónomos. Nós passaremos a empacotar isso e ter um único contrato com o cliente e até permitir ao cliente fazer a gestão do seu pacote de crédito. Portanto, contratualizar junto da CV Telecom, fica mais livre para direccionar o seu consumo para dados ou para televisão ou para voz, tendo um contrato, portanto, com uma única entidade e com serviços empacotados”, concluiu João Domingos Correia.
A maioria do capital social do grupo CVTelecom é detida pelo Instituto Nacional de Previdência Social, em 57,9%, contando ainda com a estatal Aeroportos e Segurança Aérea (20%), a Sonangol Cabo Verde (5%) e o Estado (3,4%) entre os accionistas, como privados nacionais (13,7%).