“As empresas do grupo Cabo Verde Telecom passam por um processo de transformação, como já é do conhecimento público, que se operacionalizará através da fusão, por incorporação das subsidiárias CVMóvel, SA e CVMultimédia, SA na Cabo Verde Telecom, SA. A operação de fusão será concretizada no próximo dia 01 de Julho de 2023”, refere-se numa nota da administração do grupo dirigida aos parceiros.
Na informação, consultada pela Lusa, acrescenta-se que a medida vai permitir ao grupo, o principal operador de telecomunicações do arquipélago, “vencer os novos desafios que se avizinham, com ganhos que beneficiam a todos”.
“A fusão das empresas do grupo CVTelecom permitirá a convergência tecnológica das infraestruturas, dos sistemas de informação e das ofertas no mercado. Este processo resultará em ganhos adicionais tais como a redução do ‘time-to-market’ e a melhoria de competitividade da empresa e do sector, factores chave e determinantes na dinamização da economia digital e na internacionalização dos negócios”, lê-se ainda.
O presidente da CVTelecom já tinha anunciado no final de Maio, em entrevista à Lusa, que a fusão das três operadoras do grupo avançaria no mês de Julho, prevendo a baixa nos preços.
“A partir de Julho, para os clientes, nós teremos, muito provavelmente, uma redução dos custos dos serviços porque teremos menos custos operacionais a suportar. Não só para os clientes, como para os accionistas, que poderão ver a sua margem de dividendos aumentar pela queda dos custos operacionais relacionados com a gestão das três empresas do grupo”, afirmou João Domingos Correia.
O presidente do conselho de administração respondia à Lusa após a assembleia-geral, na Praia, no dia 29 de Maio, em que o grupo de telecomunicações aprovou as contas de 2022.
A CVTelecom comunicou no final de Dezembro passado o adiamento, então sem nova data, da fusão das três operadoras do grupo, que estava prevista para 01 de Janeiro de 2023.
A fusão foi aprovada em assembleia-geral em Julho do ano passado, mas o Estado, que controla o grupo, condicionou o processo da fusão e convergência à conclusão prévia do processo de instalação de uma unidade grossista, “para separar aquilo que é o negócio grossista dos restantes negócios”, explicou Domingos Correia.
“Os negócios grossistas alavancados sobre o cabo submarino internacional e sobre o cabo submarino interilhas. Os restantes negócios, portanto, permanecem na gestão directa da CVTelecom”, acrescentou.
Segundo o presidente da CVTelecom, a conclusão do processo de separação do grupo, entre a unidade grossista que gere a rede de telecomunicações e a que vai desenvolver o produto e os negócios “já chegou ao seu fim”.
“Nós teremos mais ou menos um mês, um mês e qualquer coisa, para estarmos em condições de realizar a fusão e a convergência das empresas”, garantiu, na ocasião.
“Já temos espaço, já temos sistemas de informação delimitados, já temos trabalhadores identificados para iniciar a operação [grossista] e, portanto, estarão já no espaço, arrendado, autónomo em relação à empresa, a tentar recolher as informações e a organizar o processo de trabalho durante o mês de Junho, para no mês de Julho nós entrarmos no processo de fusão e da convergência das empresas”, sublinhou.
O grupo estatal lidera o mercado cabo-verdiano, que disputa com a operadora privada de origem angolana Unitel T+, que já disponibiliza Internet, televisão e telemóvel num único serviço.
Questionado pela Lusa, João Domingos Correia reiterou que o processo não implicará despedimentos: “Obviamente que sim, que não implica a redução [de postos de trabalho] porque a dinâmica do mercado, pelo contrário, requer que nós desenvolvemos mais negócios e o desenvolvimento de mais negócios requer o recrutamento de mais trabalhadores, mas com perfis ligeiramente diferentes de trabalhadores que nós temos tido até aqui, porque são já pessoas com perfil no digital”.
A CVTelecom, com o capital social de mil milhões de escudos, afirmou anteriormente que é “a maior empresa de comunicações electrónicas de Cabo Verde”, sendo o grupo “responsável pela infraestruturação do sector das telecomunicações do país”.
A maioria do capital social do grupo CVTelecom é detida pelo Instituto Nacional de Previdência Social, em 57,9%, contando ainda com a estatal Aeroportos e Segurança Aérea (20%), a Sonangol Cabo Verde (5%) e o Estado (3,4%) entre os accionistas, como privados nacionais (13,7%).