Remessas enviadas por emigrantes caíram 8,5% no primeiro trimestre

PorExpresso das Ilhas, Lusa,3 jul 2023 8:11

Os emigrantes enviaram para o arquipélago 6.602 milhões de escudos de remessas no primeiro trimestre deste ano, uma quebra homóloga de 8,5%, face a 2022, após consecutivos crescimentos, conforme dados compilados hoje pela Lusa.

De acordo com dados do mais recente relatório estatístico do Banco de Cabo Verde (BCV), essas remessas caíram de mais de 7.216 milhões de escudos nos primeiros três meses de 2022 para 6.602 milhões de escudos no mesmo período de 2023.

Tal como acontece desde 2020, os emigrantes nos Estados Unidos da América (EUA) lideraram no envio de remessas para o arquipélago, com quase 2.058 milhões de escudos no primeiro trimestre do ano, seguidos dos que trabalham em Portugal, com mais de 1.900 milhões de escudos, e em França, com 1.371 milhões de escudos.

A população de Cabo Verde ronda os 500 mil habitantes, mas o Governo estimou recentemente que mais de um milhão e meio de cabo-verdianos vivem na Europa e Estados Unidos da América (EUA), estando o sistema financeiro do arquipélago dependente das remessas desses emigrantes.

De acordo com dados anteriores do banco central, os emigrantes cabo-verdianos enviaram para o arquipélago um recorde de 29.984 milhões de escudos em 2022, um aumento de 15% face a 2021.

Essas remessas já tinham aumentado 30,6% em todo o ano de 2021, para o então recorde de 26.122 milhões de escudos, segundo dados anteriores do BCV. Em todo o ano de 2020, os emigrantes enviaram remessas no valor de mais de 20.002 milhões de escudos, que foi então um novo recorde, aumentando praticamente 3,5% face ao ano anterior.

Entretanto, o Banco de Cabo Verde apontou em Maio passado que espera este ano uma “moderação” no envio de remessas dos emigrantes, após o recorde de 2022 e tendo em conta a inflação nos países de origem.

Nos alertas que constam do Relatório de Política Monetário de Abril, divulgado no início de Maio, o BCV refere que “a inflação alta e as condições mais restritivas de financiamento”, no crédito para consumo, juntamente com “a retirada de algumas das medidas do Governo para mitigar” os efeitos da alta dos preços, “poderão condicionar a evolução do consumo privado ao longo de 2023”.

Prevê-se assim “um abrandamento no ritmo de crescimento face a 2022”, bem como “a moderação na entrada de remessas dos emigrantes (face ao potencial efeito negativo da alta inflação no rendimento disponível real dos emigrantes)”, lê-se no documento, de análise semestral.

O envio de remessas dos emigrantes para o arquipélago quase duplicou desde o início da pandemia de covid-19, tendo o primeiro-ministro afirmado no final de Abril, no parlamento, tratar-se de um “sinal de confiança” no país.

“As comunidades cabo-verdianas emigradas amplificam a dimensão do território nacional, quer do ponto de vista do mercado, do capital humano, da preservação da cabo-verdianidade, da cultura e da afirmação e projecção de Cabo Verde no mundo”, disse em 26 de Abril Ulisses Correia e Silva, durante o debate mensal no parlamento, este dedicado à diáspora.

“Nestes períodos difíceis de crises mundiais as remessas em divisas cresceram. Cresceram, passando de 18 milhões de contos [18 mil milhões de escudos] em 2019 para 30 milhões de contos [30 mil milhões de escudos] em 2022. Isto representa confiança no país, solidariedade e investimento”, afirmou o chefe do Governo.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,3 jul 2023 8:11

Editado porAndre Amaral  em  27 mar 2024 23:28

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