"A manutenção do 'rating' em B- equilibra a dívida pública e externa muito elevadas, os passivos das finanças públicas e elevada dependência do turismo, contra uma percentagem relativamente alta de financiamento concessional e, por causa disso, um serviço da dívida moderado e maturidades muito longas, bem como indicadores de governação mais fortes relativamente aos seus pares", lê-se na nota divulgada na sexta-feira à noite.
No documento, que dá conta da manutenção da perspectiva de evolução positiva, esta agência de notação financeira detida pelos mesmos donos da consultora BMI Research escreve que a perspectiva de melhoria do 'rating' nos próximos 12 a 18 meses "reflecte a robusta recuperação económica e as perspectivas de crescimento a médio prazo, que juntamente com a moderada consolidação orçamental deverão continuar a alimentar melhorias nas métricas das finanças públicas e externas".
A Fitch Ratings antevê que o PIB cresça 4,8% este ano e 4,2%, em média, nos próximos dois anos, depois de uma expansão de 17,1% no ano passado, resultado do regresso do turismo, no seguimento do levantamento das restrições às viagens, a seguir à pandemia de covid-19.
"A chegada de turistas continuou a melhorar no primeiro semestre de 2023, crescendo 39% face ao período homólogo de 2022 e ultrapassando as chegadas do primeiro semestre de 2019 por 4,5%", escrevem os analistas da Fitch Ratings, referindo-se a um sector que vale 25% do PIB nacional.
Depois de uma subida para 7,9% no ano passado, a inflação deverá abrandar para 4,1% este ano e 2,9% no próximo ano, aproximando-se da média da última década, nos 1,2%.
"A desaceleração da inflação será motivada principalmente pela queda dos preços dos bens e combustíveis importados, que foram os principais motivos para a subida dos preços no ano passado", aponta a Fitch Ratings.
Os analistas esperam que as reservas internacionais cresçam até 2025, passando de 705 milhões de dólares, no final do ano passado, para 753 milhões de dólares em Junho deste ano, devendo aumentar até 800 milhões de dólares em 2024 e 844 milhões de dólares em 2025 respectivamente.
O "forte desempenho ao abrigo do programa de ajustamento financeiro com o Fundo Monetário Internacional permite o acesso ao financiamento externo", do qual Cabo Verde vai precisar para responder aos 10,9% de necessidades de financiamento este ano e uma média de 8,7% nos próximos dois anos, incluindo amortizações externas de 4,3% e 3,1% do PIB, respectivamente", acrescenta-se ainda na nota, que dá conta de uma elevada dívida pública, mas a descer.
"A Fitch prevê que a dívida pública de Cabo Verde decline de 119% do PIB, em 2023, para 110,2% em 2025, principalmente devido ao forte crescimento do PIB nominal", escrevem os analistas, notando que, se por um lado a dívida cabo-verdiana é bastante superior à dos seus pares com 'rating' B, este facto é "mitigado pelo baixo custo do serviço da dívida e pela longa maturidade", que em média tem juros de 1,9% e uma maturidade de 15,6 anos.