"Há sinais de que as perspectivas globais começaram a melhorar, embora o crescimento continue modesto", afirma a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) no relatório de projecções económicas divulgado hoje, que aponta para uma acentuada disparidade entre os países devido à redução da inflação, das reduções das taxas de juro praticadas e em necessidades de consolidação orçamental "mais ou menos significativas".
A OCDE espera que o crescimento aumente ligeiramente para 0,7% na zona euro (face aos 0,6% esperados anteriormente), ou seja, um progresso ainda muito moderado.
No entanto, antecipa uma recuperação para 1,5% em 2025 (face aos 1,3% esperados nas previsões anteriores de Fevereiro), graças à recuperação da procura interna.
"Os aumentos salariais em mercados de trabalho restritivos e o crescimento dos rendimentos reais, num contexto de queda da inflação, estimularão o consumo privado", sublinha a OCDE.
Neste sentido defende uma política orçamental "prudente", de forma a construir uma "margem de manobra orçamental", enquanto se assiste a uma gradual flexibilização da "orientação da política monetária à medida que a inflação regressa ao objectivo".
A Alemanha, um dos pesos pesados da região, viu a previsão de crescimento ser reduzida para 0,2% para 2024 (0,3% anteriormente esperado).
Por outro lado, a OCDE melhorou a previsão de crescimento para 2024 para França, aumentando-a para 0,7% face aos 0,6% anunciados em Fevereiro, estimando que "o consumo privado deverá fortalecer-se" graças à queda da inflação.
No Reino Unido, o crescimento deverá subir para 0,4% em 2024 e 1% em 2025, estimativas inferiores às esperadas em Fevereiro. Esta recuperação mais modesta pode ser atribuída em particular à persistência da inflação em 2024, segundo o relatório.
Os Estados Unidos vêem a sua previsão de crescimento para 2024 melhorada para 2,6% em 2024 (face aos 2,1% anteriormente esperados), depois da expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,5% do ano passado.
Entre os pontos positivos, a OCDE destaca a queda da inflação em 2023, que segue em trajectória descendente, "ainda que em ritmo modesto".
Também o crescimento da economia chinesa é revisto em alta, para 4,9% em 2024 (face aos 4,7% anteriormente esperados), devido sobretudo a uma política orçamental expansionista.
A OCDE acredita que as elevadas tensões geopolíticas continuam a representar um risco para a economia no curto prazo, "especialmente se os conflitos em curso no Médio Oriente se intensificarem e provocarem perturbações nos mercados energéticos e financeiros, acentuando a inflação e desacelerando o crescimento".