“Tivemos um fórum memorável e que nos abre boas perspectivas para o futuro da economia do país”, diz ao Expresso das Ilhas o Presidente da Cabo Verde TradeInvest (CVTI), José Almada Dias.
O Cabo Verde Investiment Fórum (CVIF), teve a 3ª edição no Sal, nos dias 12 e 13 deste mês. Promovido pelo Governo, sob a organização da agência de promoção de investimentos e exportação, Cabo Verde TradeInvest, apresentou as oportunidades de investimento no país e reforçou os investimentos do sector privado na economia nacional, através da intermediação e facilitação do acesso dos empresários e promotores nacionais aos mercados de capitais nacionais e internacionais.
“O balanço é muito positivo”, sublinha Almada Dias. “Bateram-se alguns recordes, como o número de reuniões B2B e B2G, apesar do evento ter sido de um dia e meio [o última CVIF teve 2 dias]. Em 2022, foram organizadas 142 reuniões, desta vez, com menos tempo, foram 185, das quais 155 B2B [Business to business – empresa para empresa] e 30 B2G [Business-to-Government]. Estou a dar este indicador porque é um que consideramos fundamental e mostra a grande vitalidade do evento”.
Áreas de negócio
Nesta edição, o principal objectivo do CVIF24 foi mobilizar e acelerar os investimentos do sector privado e público e dos investidores privados na implementação de projectos que conduzam ao crescimento económico, ao desenvolvimento sustentável e à criação de empregos. Os sectores prioritários foram o turismo, enquanto motor do crescimento, da criação de emprego e com grande potencial para acelerar o investimento privado; a economia azul, nomeadamente os sectores da pesca, aquacultura; a economia digital; a economia verde, para transição energética e combate às mudanças climáticas; e o ecossistema de financiamento, com enfoque nos diversos instrumentos de financiamento pelo capital de risco bem como as facilidades de garantias de crédito.
Para complementar, houve a apresentação dos programas do governo, para melhorar o ambiente de negócios, acelerar a agenda de privatizações, apoiar o investimento privado, melhorar os transportes aéreos e marítimos e acelerar a transição energética.
“Tivemos a assinatura de contratos, memorandos de entendimento e convenções de estabelecimento que ascendem a mil milhões de euros, um montante significativo, sobretudo porque se tratam de projectos de expansão – ou seja, são empresários que já deram provas”, refere o Presidente da CVTI.
“Posso dar o exemplo de dois projectos de turismo residencial na ilha de São Vicente, o João d’Évora, no vale com o mesmo nome, e o São Pedro Hills. Todos tiveram uma primeira fase de construção de vivendas de extremo luxo e agora decidiram avançar para uma segunda, terceira e quarta fases porque há uma grande procura do destino Cabo Verde”, explica Almada Dias.
É opinião unânime que devemos continuar a fazer este evento em Cabo Verde e que a necessidade de promover o país lá fora é permanente. O CVIF veio para ficar”. - Almada Dias, PCA da Cabo Verde TradeInvest
“Temos também projectos ligados ao turismo da saúde”, continua o presidente da CVTI. “Só na ilha do Sal vamos ter 3 grandes clínicas. Uma já existe, a Clinitur, que está em fase de expansão, temos outra que vai abrir em Setembro, investimento nacional, e há um terceiro projecto com quem assinámos um acordo, um grupo de empresários franceses, ligados ao hotel Hilton”.
“É também interessante notar que a zona da Murdeira conhece um reviver do interesse, com um resort de mais de 100 milhões de euros, ligado a uma grande cadeia hoteleira espanhola [Bahia Principe, divisão de resorts do Grupo espanhol Piñero, fundada em 1995], que vão construir na Murdeira um resort de grande qualidade”.
Fora do turismo, destaque para a economia azul, onde para além da apresentação das privatizações que o governo pretende fazer, a Nortuna apresentou uma aposta nas espécies locais para exportação, como o esmoregal. Também para a economia verde, tanto a nível da agricultura como das energias renováveis, e para a economia digital.
No painel do ecossistema de financiamento, entre os vários oradores e fundos de investimento estrangeiros, esteve também o FSA [Fundo Fiduciário de Solidariedade Africana (ASTF, na sigla em inglês), um mecanismo de financiamento que reúne os recursos das economias mais fortes de África para apoiar as iniciativas nacionais e regionais], que se comprometeu a injectar 45 milhões de euros na Pró-Garante.
Os próximos fóruns
Segundo a organização, o CVIF já é uma marca consolidada e agora o desafio é a Internacionalização, estando programados para este ano fóruns em Boston, São Paulo e em Lisboa.
“Agora temos esta marca, que antes não existia”, diz Almada Dias. “O ano passado fizemos uma edição experimental em Nova Iorque, que correu muito bem. Este ano teremos Boston, a 2 de Julho, aproveitando as comemorações da Independência na Nova Inglaterra, com a presença do senhor Primeiro-Ministro, nesse fórum queremos mobilizar a nossa diáspora nos EUA. Depois faremos o mesmo no Brasil, em São Paulo, aproveitando também o facto do senhor Primeiro-Ministro ter escolhido o Brasil para a Gala da Diáspora, e depois, também por decisão dos dois governos – Cabo Verde e Portugal – faremos mais uma edição, em Outubro, em Lisboa”.
“O objectivo continua a ser promover o país e atrair investimento. A internacionalização é um objectivo que já estava na calha, mas o país sofreu imenso com a pandemia, os recursos têm sido canalizados para a recuperação da economia e só agora começa a haver alguma folga. É hora de retomarmos a promoção do país no exterior”, conclui o presidente da CVTI.
No próximo ano, o evento irá expandir-se também para o continente africano, começando por Angola e Senegal.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1177 de 19 de Junho de 2024.