O relatório do Estado da Economia, referente ao ano 2023, indica que o contexto externo da economia nacional evoluiu menos favoravelmente marcado pelo abrandamento da actividade económica mundial e dos principais parceiros económicos, particularmente da área do euro e também do Reino Unido, impulsionado pelo enfraquecimento da procura face à pressão de uma inflação persistentemente elevada e da restritividade das políticas monetárias e das condições de financiamento, bem como da elevada incerteza causada por factores geopolíticos.
Segundo o BCV, o PIB nacional em volume registrou um crescimento, em 2023, de 5,1 %, a taxa de inflação média anual situou-se em 3,7 %, enquanto que em 2022 foi de 7,9 %, reflectindo a baixa dos preços dos produtos energéticos e dos produtos alimentares no mercado internacional e da fraca procura.
O défice da balança corrente registou uma melhoria, passando a representar 2,5 % do PIB (3,1 % em 2022), para o qual concorreram, principalmente, os aumentos registados nas exportações de serviços de viagens de turismo (em 31,7 %), nas transferências correntes oficiais (em 33,1 %) e nos rendimentos provenientes das reservas internacionais líquidas, bem como o forte abrandamento das importações de bens e serviços (para 5,5 % face a 32,0 % em 2022).
O relatório aponta ainda que o stock de reservas internacionais líquidas do país aumentou para os 685 milhões de euros, permitindo garantir 6,2 meses de importações de bens e serviços, sendo que no ano anterior era de seis meses.
Em 2023, o enquadramento externo da economia nacional evoluiu menos favoravelmente com a actividade económica mundial e dos principais parceiros económicos do país nomeadamente, da área do euro e do Reino Unido a registar uma desaceleração, no entanto a economia dos EUA continuou com a sua trajectória de aceleração.
Os dados revelam que do lado da procura, os desempenhos menos favoráveis do consumo privado e do investimento, determinaram a evolução da procura agregada dos principais parceiros do país, particularmente, da área do euro e do Reino Unido.
A nível da oferta, as actividades do sector industrial e da construção foram as componentes particularmente mais afectadas pelas condições de financiamento restritivas, pelos elevados custos dos factores de produção e pelo enfraquecimento da procura, tendo o sector dos serviços (com uma grande componente de contacto, designadamente actividades recreativas e férias) resistido relativamente bem, beneficiando ainda dos efeitos persistentes da reabertura da economia após a pandemia.
A confiança dos empresários, em geral, deteriorou-se em 2023, associado às preocupações com os custos de empréstimos mais altos e as condições de financiamento mais restritivas, bem como com a fraca procura.
Por outro lado, a confiança dos consumidores melhorou, mas permaneceu ténue, com os consumidores tendo uma visão menos pessimista das perspectivas económicas, mas com a crise do custo de vida e o aumento das taxas de juro pesando ainda fortemente.
O relatório indica que a procura mais fraca e a melhoria dos estrangulamentos na oferta e as consequentes reduções dos preços dos produtos energéticos e dos produtos alimentares, bem como, os efeitos de base e a apreciação do euro, pressionaram no sentido descendente os preços no produtor e no consumidor.