Em meados de Janeiro, um ano após o início da pandemia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) enviou uma missão a Wuhan e outras cidades da China para investigar a origem da covid-19. Os 10 eminentes cientistas internacionais que trabalharam na área durante duas semanas produziram um relatório que a OMS antes de tê-lo apresentado ontem, terça-feira, já tinha vazado para alguns meios de comunicação, incluindo a agência AFP. A principal conclusão do documento é que a transmissão do vírus para os humanos provavelmente ocorreu a partir de um morcego, por meio de um terceiro animal não identificado. O documento também descarta a possibilidade de que a pandemia tenha origem em laboratório, mas mantém as outras hipóteses em avaliação e pede mais investigações.
As novas conclusões, escreve o El País, em nada diferem daquelas que o chefe da missão, Peter Ben Embarek, já antecipara na colectiva de imprensa de 9 de Fevereiro em Wuhan, no final da visita de especialistas, que contaram com a colaboração de cientistas chineses. O diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, reagiu esta segunda-feira ao vazamento do documento, no qual os peritos destacam a necessidade de realizar estudos em uma área mais ampla do que a China. “Todas as hipóteses estão sobre a mesa e merecem um estudo mais aprofundado”, disse Ghebreyesus, citado pela mesma fonte.
Assim, os signatários consideram que a transmissão do vírus da covid-19 por um animal intermediário é uma hipótese “entre provável e muito provável”. No entanto, a possibilidade de transmissão directa entre o animal inicial, ou seja, o morcego, e o homem ainda é considerada entre “possível e provável”. Mas o relatório conclui que é “extremamente improvável” que o coronavírus seja resultado de um acidente ou escape de patógenos de um laboratório.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1009 de 31 de Março de 2021.