Amy Williams, astrobióloga que analisou as imagens, realça que estas “ajudam a perceber muito mais sobre o ciclo de água em Marte. A partir das imagens orbitais, sabíamos que teria de ser água a ter formado o delta, mas ter estas imagens é como estarmos a ler um livro, em vez de olharmos apenas para a sua capa. Isto é o mais próximo que conseguimos chegar de ir a Marte e fazer este trabalho presencialmente”, cita a CNN.
Apesar de o local de aterragem da sonda se localizar a poucos quilómetros do delta, a Perseverance captou logo desde início várias imagens que foram enviadas para Terra e que deram início a vários estudos por parte da comunidade científica.
Os investigadores identificam que, na camada superior do delta, há grandes rochas com mais de um metro de largura e que possivelmente chegam a pesar toneladas – mas que poderão ter tido origem noutro local. Uma alternativa que está a ser equacionada é que o ritmo rápido que o curso de água por vezes tinha, que chegava a nove metros por segundo, foi o que arrastou as rochas.
A configuração actual, com os pedregulhos por cima de uma fina camada de sedimentos, permite concluir que o lago era relativamente calmo até à chegada destas inundações. “É algo especial que pode ser indicativo de uma mudança fundamental na hidrologia local ou mesmo no clima regional de Marte”, considera Benjamin Weiss, professor no MIT, complementando que “o mais surpreendente nestas imagens é a oportunidade potencial para apanhar o tempo de quando esta cratera transitou de um ambiente habitável semelhante ao da Terra para a paisagem desoladora que vemos hoje”. O professor explica ainda que “não há uma gota de água em lado algum, mas ainda assim temos aqui evidências de um passado muito diferente. Algo muito profundo aconteceu na história deste planeta”.