Segundo a responsável de Protecção à Criança na Missão da ONU no Sudão do Sul, Unmiss, Nora Pendaeli, o Exército Popular de Libertação do Sudão consta de um relatório da ONU por alegadas infracções graves contra crianças.
Pendaeli falava numa acção de formação de dois dias a 54 oficiais que ocupam altos cargos Exército sul-sudanês, entre os quais brigadeiros, majores-generais, tenentes e capitães.
A responsável lembrou que o documento da ONU cita o Exército por acções como "mutilar, estuprar, recrutar e usar crianças nas forças armadas, bem como de atacar escolas, hospitais e locais de culto".
Pendaeli disse que as crianças sul-sudanesas são especialmente vulneráveis durante os conflitos armados porque são "fáceis de manipular, por ser muito obedientes aos seus protectores e terem muitas necessidades como comida e abrigo".
Segundo a funcionária da agência, muitas crianças "estão sob controlo dos que detém armas porque o conflito no país afastou-as dos familiares e das comunidades". Por isso, todos os envolvidos no conflito devem entender qual é o papel e responsabilidade que têm na protecção das crianças.
Na ocasião, o assessor de segurança do governador da região de Yei, Muki Batali Buli, disse que "a cultura de matar e mutilar crianças, incluindo estupro, não é típica das disputas inter-clãs do Sul do Sudão".
Por seu turno, o chefe da unidade de protecção infantil no exército, o brigadeiro Khamis Edward, disse que o exército sul-sudanês estava prestes a ser declarado livre de crianças se não fosse o início da guerra civil em Dezembro de 2013.
Edward afirmou que as Forças Armadas pretendem "limpar a sua imagem diante da comunidade internacional" e garantiu que todas as crianças serão removidas das fileiras e ajudadas a começar uma nova vida.
O brigadeiro disse que o dever do exército é defender a Constituição do país, bem como seus cidadãos e suas propriedades, mas isso " exige que o verdadeiro patriotismo seja alcançado".
Já o responsável dos Direitos Humanos da Missão da Unmiss, Anthony Nwapa, assinalou que o interesse das Forças Armadas é proteger o futuro do país e que o futuro do Sudão do Sul pertence às crianças.