Mulheres protestam nas ruas de Lomé contra dinastia Gnassingbe

PorExpresso das Ilhas,21 jan 2018 11:33

Faure Gnassingbe
Faure Gnassingbe

Milhares de mulheres saíram às ruas da capital de Togo, Lomé, no sábado para protestar contra o presidente Faure Gnassingbe.

A marcha das mulheres é mais uma na longa sequência de protestos que desde Setembro têm ocorrido naquele país africano, com manifestações organizadas em coligação por mais de 14 partidos políticos a acontecerem quase todas as semanas com o mesmo propósito: pedir a demissão do presidente Gnassingbe e o fim de mais de cinco décadas de domínio político de uma família.

O protesto das mulheres foi inspirado em manifestações da mesma índole que têm acontecido frequentemente na África Ocidental, destacando-se o movimento Mulheres da Libéria que em 2003, durante a guerra civil naquele país, agitou a capital Monróvia.

Quase todas as mulheres vestiam-se de preto e a acompanhá-las estiveram alguns homens e líderes da oposição, tendo a manifestação durado várias horas.

Segundo o jornal News 24, o líder da oposição, Jean-Pierre Fabre, classificou a marcha das mulheres como uma "grande iniciativa".

"Não há trabalho e a actividade económica é pouco activa... As discussões desta vez são sinceras, e todos os tópicos estão a ser discutidos para que haja mudança no Togo", disse uma das manifestantes á agência AFP.

Países da região já haviam pedido que Gnassingbe e a oposição se reunissem para conversar sob a supervisão da presidente do Gana, Nana Akufo-Addo, e do presidente da Guiné, Alpha Conde.

As conversações foram anunciadas no início de Novembro, mas não tiveram seguimento e não há sinais de que venham a ser retomadas.

Antes de voltar à mesa, a oposição exige a libertação de manifestantes que forma presos durante protestos anteriores e que as forças de segurança do estado se retirem do norte de Togo, onde o Partido Nacional Panafricano (PNP) tem apoio.

O PNP é o partido que tem contestado fortemente a presidência de Faure Gnassingbe e o domínio da sua família sobre o Togo por mais de 50 anos. Sem nunca ter participado em eleições, o partido tem conseguido apoio popular e arrastando multidões para os seus protestos de rua, como em Agosto passado em que as forças policiais reprimiram uma marcha que acabou por resultar na morte e prisão de vários populares.

Faure Gnassingbe, também conhecido como Faure Eyadéma, foi eleito pela primeira vez em 2005 e reeleito com mais de 60% de votos em 2010. Antes de ser eleito presidente ele fora nomeado pelo seu pai, anterior Presidente, para o cargo de ministro das Infra-estruturas, das Minas e das Telecomunicações.

Em 2005, com a morte do pai, Gnassingbe foi imediatamente colocado a presidência do país com suporte das forças militares. Dada a contestação que tal sucessão provocou ele acabou por resignar meses depois. Pouco tempo depois realizar-se-iam eleições (contestadas) e Gnassingbe saiu vencedor.

Actualmente encontra-se no seu terceiro mandato como presidente depois de vencer novamente as eleições em 2015.

Os protestos que têm acontecido no páis visam também a mudança da lei no sentido de se limitar os mandatos presidenciais.

Ex-colónia francesa, o Togo tem uma economia muito baseada na agricultura e na exportação (café, cacau, algodão…). A indústria mineira, com destaque para o fosfato é explorada sobretudo por investidores franceses. Gana, Nigéria e China são os principais parceiros comerciais. 

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Autoria:Expresso das Ilhas,21 jan 2018 11:33

Editado porChissana Magalhães  em  18 dez 2018 3:22

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