Germano Almeida, em entrevista ao Panorama 3.0, da Rádio Morabeza, afirma que esta medida do presidente dos EUA vai ao encontro daquilo que foi a sua plataforma política e eleitoral mas adverte que as medidas proteccionistas também prejudicam quem as impõe.
“Se, do ponto de vista meramente pontual e sectorial, pode até ser verdade que, num ou noutro caso, que os EUA, em função daquilo que produzem e daquilo que compram, estariam a pagar mais do que era suposto a nível global, a verdade é que isto não pode ser bom, certamente, para a economia mundial mas também para os Estados Unidos, porque, no global, entre aquilo que vão taxar e aquilo que os cidadãos americanos vão passar a perder, vão sair, de facto, a perder. O proteccionismo prejudica mesmo quem o impõe”, sublinha.
Donald Trump agitou os mercados com o anúncio do novo plano comercial dos Estados Unidos de América, que prevê o aumento das taxas de importação do aço e do alumínio.
Germano Almeida entende que esta é uma medida que não faz sentido e aponta a possibilidade de a China ser o alvo desta decisão.
“É evidente que sob pano de fundo está a hostilidade e a competição dos Estados Unidos com a China nesta área. Foi muita a conversa de Trump durante a campanha, prometia taxar os produtos chineses a 35%, culpou os chineses por aquilo que aconteceu à fabricas nalguns estados”, indica.
Também naquela que foi considerada a mexida mais significativa da Presidência Trump, Rex Tillerson, até agora secretário de Estado, foi substituído por Mike Pompeo, director da CIA. O especialista em assuntos da Casa Branca diz que esta decisão era previsível.
“Se há factores muitos inesperados na administração Trump, este não foi um deles. Eu diria que a saída de Rex Tillerson foi mais a significativa, mais impactante destes catorze meses, mas não a mais inesperada. Na verdade, há alguns meses, desde Dezembro, que havia rumores, houve mesmo noticias sobre isso. O que isto significa? Significa a vitoria da linha dura, que o presidente cada vez menos ouve os elementos de equilíbrio na sua administração”, diz.
Gina Haspel foi indicada pelo Presidente norte-americano para ser a primeira mulher a liderar a agência de espionagem norte-americana (CIA). Haspel tem um passado ligado a escândalos de tortura em prisões secretas da agência, da qual era vice-directora até agora.
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