Lula da Silva, antigo presidente do Brasil, referiu que não se vai entregar à Polícia Federal em Curitiba. A revelação foi feita durante uma conversa telefónica com o jornal Folha de São Paulo.
Citado por aquele jornal, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, considera que "uma viagem do ex-Presidente a Curitiba teria dificuldades de logística e de segurança, especialmente depois da decisão de Moro de bloquear as contas" de Lula.
Estas declarações acontecem já depois da defesa de Lula ter entrado com um novo pedido de habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça, avança a Globo.
Este pedido tem como objectivo evitar a prisão de Lula, que foi ordenada esta quinta-feira pelo juiz Sérgio Moro. Lula deveria apresentar-se até às 17 horas locais (19 horas em Cabo Verde) desta sexta-feira na Polícia Federal em Curitiba para começar a cumprir a sua pena.
Os advogados de Lula entendem que ainda há recursos que devem ser apresentados no Tribunal Regional Federal e que a pena não pode começar a ser cumprida até que esses recursos sejam analisados.
"A emissão de um mandado de prisão nesta data contraria a decisão proferida pelo próprio Tribunal Regional Federal no dia 24 de Janeiro, que condicionou a providência - incompatível com a presunção de inocência - de esgotar os recursos possíveis de serem apresentados para aquele Tribunal, o que ainda não ocorreu", lê-se num comunicado divulgado pela defesa de Lula antes de entrar com o pedido de habeas corpus.
Recurso para a ONU
Para além do 'habeas corpus' que apresentou ao Supremo Tribunal Federal, a defesa de Lula da Silva vai avançar com um pedido ao Comité dos Direitos Humanos das Nações Unidas para evitar a prisão do antigo Chefe de Estado, adianta O Globo.
A prisão do ex-chefe de Estado está relacionada com um dos processos da Operação Lava Jato, o maior escândalo de corrupção do Brasil.
Lula da Silva foi condenado por ter recebido um apartamento de luxo como suborno da construtora OAS em troca de favorecer contractos com a petrolífera estatal Petrobras e condenado a doze anos e um mês de prisão.
Declaração pública
Luiz Inácio Lula da Silva vai falar esta sexta-feira ao povo brasileiro às 16h00 locais (18h00 em Cabo Verde), noticia a Folha de São Paulo.
A confirmação foi dada ao jornal brasileiro por Luiz Marinho, presidente estadual do Partido dos Trabalhadores.
A declaração de Lula acontece uma hora antes de terminar o prazo dado por Sérgio Moro para que o ex-presidente se entregue na Polícia Federal de Curitiba.
No entanto, Lula da Silva já afirmou que não o pretende fazer. Entretanto, a polícia federal brasileira afirmou que tem um avião preparado para levar o ex-presidente de São Paulo para Curitiba.
A defesa do ex-presidente aguarda a decisão relativamente a um segundo pedido de habeas corpus. O primeiro foi rejeitado na passada quarta-feira, pelo Supremo Tribunal Federal, numa votação de seis votos a favor e cinco contra.
Lula da Silva foi condenado, em segunda instância, a 12 anos e um mês de prisão.