Presidente português alerta contra messianismos

PorExpresso das Ilhas, Lusa, agências,25 abr 2018 16:20

Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República de Portugal, defendeu hoje que é imperativo afirmar o "papel estruturante das Forças Armadas" para a unidade nacional e alertou contra "messianismos de um ou de alguns", insistindo na importância de renovar o sistema político.

Estas foram as duas mensagens principais do discurso de Marcelo Rebelo de Sousa na sessão solene comemorativa do 44.º aniversário do 25 de Abril, na Assembleia da República, que durou cerca de quinze minutos, e no qual voltou a alertar para o perigo de fenómenos de "contestação inorgânica e antissistémica e de cepticismo contra os partidos".

O chefe de Estado apelou, uma vez mais, à "capacidade de renovação do sistema político e de resposta dos sistemas sociais, de antecipação de desafios, de prevenção de erros ou omissões", mas colocou a tónica no "equilíbrio de poderes", alertando contra "messianismos de um ou de alguns, alegadamente para salvação dos outros".

Marcelo Rebelo de Sousa pediu que não se deixe espaço para "tentações perigosas de apelos populistas e até de ilusões sebastianistas messiânicas ou providencialistas".

Depois, referiu-se a "apelos e ilusões" de um "poder forte sonhado, seja ele de uma pessoa, de um partido, de um grupo económico, de um parceiro social, de uma instituição público-privada".

"Não confundimos o patriotismo de que nos orgulhamos com hipernacionalismos claustrófobos, xenófobo que nos envergonhariam. Nem confundimos o prestígio ou a popularidade mais ou menos conjuntural de um ou mais titulares de poder com endeusamento ou vocação salvífica", reforçou.

Antes, o Presidente da República defendeu que "a instituição militar, algumas vezes apressada e erroneamente vista por alguns como reminiscência do passado e não como garantia do presente e aposta no futuro, mantém, para não dizer que reganha centralidade, quando se reforça a democracia ou mais amplamente se constrói a unidade nacional".

"Afirmá-lo sempre é imperativo, agir em conformidade é-o ainda mais", disse.

O seu discurso foi aplaudido de pé, no final, pelos grupos parlamentares do PS, PSD e CDS-PP. Momentos depois, as bancadas do PCP e BE levantaram-se também, sem bater palmas.

PSD pede prioridade ao combate à corrupção e transparência

A deputada do PSD, Margarida Balseiro Lopes, no discurso que fez em representação do grupo parlamentar, elegeu o combate à corrupção e a transparência no sistema político como prioridades, num discurso em que sublinhou que a liberdade “é de todos”, cumprimentando os dirigentes dos cinco principais partidos.

Na sua intervenção, a recém-eleita líder da JSD, de 28 anos, lamentou que a política portuguesa esteja cada vez mais fragmentada e com divisões entre “o povo e, eles, os políticos”.

"Temos de ter a coragem para reformar o sistema político, introduzindo transparência para que sejam conhecidos todos os interesses em causa em todas as decisões tomadas pelos poderes públicos. A transparência tem de ser a regra do funcionamento democrático”, defendeu.

PS evoca a luta das mulheres

A deputada socialista Elza Pais evocou a história de "luta e resistência" de muitas mulheres portuguesas pela democracia, liberdade e igualdade, num discurso em que elogiou o combate do Governo contra as fracturas sociais.

Para Elza Pais, também presidente do Departamento Nacional das Mulheres Socialistas, celebrar o 25 de Abril "é recordar vidas de luta e resistência, é recordar as mulheres que viveram pela liberdade, tantas vezes esquecidas pela história, mas que estiverem sempre lá em momentos únicos e decisivos".

"É importante que as jovens e os jovens saibam o que andámos para aqui chegar. Saibam as batalhas duras, de resistência, das nossas mães e dos nossos pais, onde, muitas vezes, se jogava, tudo ou nada", prosseguiu Elza Pais, antes de homenagear "os capitães de Abril, de Salgueiro Maia a Vasco Lourenço".

BE não quer país governado para as contas do Excel

A deputada do BE, Isabel Pires, defendeu que na "geração dos filhos de Abril" são "todos Serviço Nacional de Saúde", pedindo um país governado pela Constituição "e não para as contas de uma folha de Excel".

No seu discurso, Isabel Pires começou por chamar a atenção para a existência de presos políticos "aqui ao lado", lamentando a falta de "uma solução política para a Catalunha", uma vez que a "monarquia espanhola está a esmagar as mais elementares garantias de um Estado de Direito".

Para Isabel Pires, "o Serviço Nacional de Saúde é dos maiores manifestos à liberdade e à igualdade da sociedade portuguesa", uma vez que "acolhe e trata da mesma forma ricos e pobres, empregados e desempregados, refugiados ou membros do Governo".

PCP quer "ir mais longe"

O PCP defendeu que “os avanços alcançados nos dois últimos anos e meio” são “o ponto de partida” para novas lutas, afirmando que é possível “ir mais longe” na resposta aos problemas dos trabalhadores.

No discurso, o deputado Paulo Sá sublinhou o “contributo decisivo do PCP no quadro de uma nova correlação de forças” para a medidas que deram resposta a problemas urgentes dos trabalhadores.

Contudo, criticou, “se não se vai mais longe na resolução dos problemas dos trabalhadores, do povo e do país, isso deve-se às opções do PS e do seu Governo que, em convergência com o PSD e do CDS, mantém o seu compromisso com os interesses do grande capital”.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa, agências,25 abr 2018 16:20

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  5 fev 2019 10:57

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