"Nós não vamos ceder àqueles que se apresentam como nossos parceiros estratégicos, já que se esforçam para nos tornar num alvo estratégico", afirmou Erdogan durante o congresso do seu partido, o islâmico-conservador AKP, em Ancara.
"Certas pessoas acham que nos podem ameaçar com a economia, as sanções, as taxas de câmbio, as taxas de juro e a inflação. Nós descobrimos as suas manobras e desafiamo-las", declarou durante o congresso, que tem como objectivo renovar as fileiras do AKP.
Estas declarações acontecem no momento em que os Estados Unidos e a Turquia, aliada no seio da NATO, atravessam uma crise diplomática, particularmente relacionada com o caso do pastor norte-americano Andrew Brunson, preso em 2016 acusado de terrorismo e espionagem.
Os Estados Unidos exigem a sua libertação à Turquia, que acusa Brunson de ligações com o religioso Fethullah Güllen, acusado de ser o mentor do golpe de estado falhado de Julho de 2016.
A crise iniciou-se quando Washington impôs, no início de agosto, sanções sem precedentes contra dois ministros turcos.
Ancara reagiu às sanções e começou uma escalada da tensão entre os dois países, que acabou por provocar a queda a lira turca na semana passada.
Depois de alguns dias de acalmia, a lira turca, que perdeu quase 40% do seu valor desde o início do ano, recuou na sexta-feira após Washington ameaçar impor a Ancara novas sanções.
Além das tensões com os Estados Unidos, a lira turca foi enfraquecida pela crescente influência do Presidente turco sobre a economia e a sua recusa segundo observadores, em permitir que o Banco Central elevasse as taxas de juro.
Hoje, no congresso do AKP, Erdogan disse que a Turquia "continuará e expandirá" as suas operações militares transfronteiriças.
Ancara tem enviado, nos dois últimos anos, militares para o norte da Síria para conter a expansão das Unidades de Protecção ao Povo (YPG), uma milícia curda apoiada por Washington contra os 'jihadistas'.
O exército turco também aumentou, nos últimos meses, os ataques contra as bases do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) no norte do Iraque. Ancara anunciou, na quarta-feira, que matou um quadro dessa organização na região noroeste de Sinjar, no Iraque.