Cristiane Serejo admitiu que os responsáveis do museu descartaram a contratação de uma seguradora e a criação de um grupo de funcionários autorizados a combater incêndios por falta de verbas.
O Governo já anunciou a libertação de fundos de emergência para iniciar a reconstrução imediata de um novo edifício e uma campanha com o objectivo de angariar fundos privados.
"Temos recebido várias ofertas de doações, até mesmo algumas instituições estrangeiras. Vamos fazer uma campanha e vamos ser capazes de levantar o Museu Nacional com novas colecções", disse a vice-directora do museu.
Na segunda-feira, centenas os estudantes e investigadores ligados ao museu, a maioria dos quais vestidos de negro, concentraram-se em frente aos escombros ainda fumegantes do edifício, para "abraçar" o antigo palácio imperial do século XIX, em protesto contra o Presidente brasileiro e cortes na Cultura.
Os portões que dão acesso ao recinto do museu chegaram a estar fechados a cadeado pelas autoridades, mas a força dos protestos levou a que a população conseguisse entrar.
Considerado o maior museu de História Natural da América Latina, o Museu Nacional, que assinalou em Junho o seu bicentenário, albergava cerca de 20 milhões de peças de valor incalculável e uma biblioteca com mais de 530 mil títulos.
Entre as peças inestimáveis transformadas em cinzas está uma colecção egípcia, uma outra de arte e de artefactos greco-romanos, colecções de paleontologia - que incluíam o esqueleto de um dinossauro encontrado na região de Minas Gerais - bem como o mais antigo fóssil humano descoberto no Brasil, "Luzia".
Um dos únicos vestígios preservados foi o enorme meteorito com mais de cinco toneladas, que continua em frente à entrada do espaço.
Mergulhado numa dívida pública abissal e em sucessivos escândalos de corrupção, o Brasil, que sai timidamente de uma recessão histórica, efectuou nos últimos meses muitos cortes orçamentais nas áreas da Investigação, Cultura e Ciência.
O ministro da Cultura brasileiro, Sérgio Sá Leitão, reconheceu que "a tragédia poderia ter sido evitada".
Há três meses, por ocasião do bicentenário, o Museu Nacional obteve um financiamento de 21,7 milhões de reais (cerca de 4,51 milhões de euros) do Banco Nacional de Desenvolvimento para o restauro do edifício.