De acordo com os números divulgados na noite de domingo, do número total de mortes, em 100 foi confirmado, em laboratório, que ocorreram devido ao vírus da febre hemorrágica do Ébola.
O último balanço aponta para 211 casos de contágio: 176 confirmados e os restantes 35 prováveis.
Dois meses e meio depois de ter sido declarada esta nova epidemia nas províncias de Kivu do Norte e Ituri, o surto começou uma nova onda "de alto risco" na cidade de Beni.
"A epidemia em Beni é de alto risco e a situação é preocupante", informou então o ministro da Saúde, Oly Ilunga, que assegurou: "ainda assim, não sabemos a escala da mesma, (mas) o epicentro que estava em Mangina, está agora em Beni".
Embora as duas cidades estejam a 20 quilómetros, a proximidade de Beni com o Uganda aumenta o risco de propagação com países vizinhos, tal como a presença de grupos armados e a violência em Kivu do Norte.
O ministro assinalou que entre os fatores responsáveis desta segunda onda do Ébola estão a rejeição social face ao vírus, a insegurança que se verifica na zona - o que leva a fluxos migratórios de deslocados - e a maior confiança em curandeiros do que em trabalhadores humanitários.
"Continuamos a ver casos de pessoas que primeiro visitam curandeiros, que combinam as medicinas modernas e tradicionais, e tardam em ir a centros de tratamento, o que torna mais difícil salvá-los", afirmou, na sexta-feira, o porta-voz da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tarik Jasarevic.
Outras entidades, como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), têm concentrado os seus esforços em locais como escolas, onde tanto professores como alunos aprendem a identificar os sintomas do Ébola e comportamentos como a lavagem de mãos, que depois transmitem em suas casas.
Várias equipas de sensibilização têm tentado reduzir a rejeição junto de líderes tradicionais locais, incluindo nas suas missões sobreviventes do vírus, de modo a demonstrar que a doença pode ser curada caso seja tratada a tempo.
O vírus do Ébola é transmitido por contacto direto com o sangue e fluidos corporais de pessoas ou animais infetados, causando hemorragia grave e tem uma taxa de mortalidade de 90%.
O surto de Ébola foi declarado no dia 01 de agosto nas províncias de Kivu do Norte e de Ituri, no norte da República Democrática do Congo.
Trata-se do segundo surto declarado em 2018, oito dias depois de Oly Ilunga
A pior epidemia desta doença conhecida no mundo foi declarada em março de 2014, com os primeiros casos que remontam a dezembro de 2013 na Guiné Conacri e que, posteriormente, se expandiu para Serra Leoa e Libéria.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) sinalizou o fim da epidemia em janeiro de 2016, depois de registar 11.300 mortes e mais de 28.500 casos, embora a agência da ONU tenha admitido que estes números podem ser conservadores diante da situação encontrada naqueles países africanos.