A directora para África da organização das Nações Unidas, Matshidiso Moeti, revelou-se hoje "optimista" quanto à perspectiva de travar a epidemia na RDCongo, decretada em 01 de Agosto do ano passado, mas referiu que o risco de contágio está a estender-se a outras zonas, com o pessoal da OMS a reportar casos "quase diariamente".
Na conferência de imprensa de actualização das informações sobre as operações da OMS no combate ao Ébola na RDCongo, realizada hoje em Genebra, na Suíça, a responsável regional assinalou a necessidade de "estabilizar" a situação em outras regiões.
Moeti sublinhou também que "a insegurança" em Beni e Mangina, na província do Kivu Norte, região em que atua o grupo armado Forças Democráticas Aliadas (ADF, na sigla inglesa), "continua a constituir um factor" importante no combate ao vírus.
"Por agora, a situação nestes dois primeiros epicentros desta crise de saúde está relativamente calma", afirmou o director-geral adjunto para Emergências da OMS, Mike Ryan, igualmente na conferência de imprensa.
Revelando a determinação da OMS em extinguir a epidemia, Moeti referiu que outro desafio é a tentativa de reduzir os receios das comunidades sobre os cuidados prestados pelas equipas da organização no terreno.
A responsável regista "uma melhoria progressiva" da resistência das pessoas aos cuidados médicos, embora continuem a verificar-se incidentes diários.
A médica referiu que 69.000 pessoas aceitaram ser vacinadas e que 350 foram dadas como restabelecidas depois de lhes terem sido administrados novos medicamentos.
De acordo com a OMS, até esta quinta-feira morreram 468 pessoas desde 01 de agosto do ano passado em consequência do contágio, enquanto o número de casos diagnosticados laboratorialmente subiu para 759, 54 prováveis.
Esta epidemia, que afecta as províncias de Norte Kivu e Ituri, é a segunda mais grave detectada no mundo, depois da declarada na África ocidental em 2014, de acordo com a OMS.
Três em cada dez contagiados pelo vírus do Ébola são crianças, segundo a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).
O ministro da Saúde da RDCongo, Oly Ilunga, considerou já que esta epidemia é a mais grave no país africano, cujos primeiros casos começaram a surgir em Abril, com diagnóstico de "enfermidade desconhecida", chegando algumas pessoas a julgar que se tratava de "coisa de bruxaria".
O vírus do Ébola transmite-se através do contacto directo de sangue e de fluidos corporais.