Donald Trump fez na sexta-feira uma publicação, através do Twitter, que causou polémica generalizada. O presidente norte-americano publicou um vídeo em que a congressista democrata Ilhan Omar fala sobre os atentados do 11 de Setembro, acusando-a de menorizar os ataques e a responsabilidade dos seus autores sobre os mesmos.
Omar, a primeira congressista somali-norte-americana e uma das primeiras muçulmanas, fazia um discurso, em Março, num grupo de defesa dos direitos civis dos muçulmanos, onde falava sobre o preconceito de que continuam a ser alvo, dizendo que continuam a ser vistos como “cidadãos de segunda categoria” e que se senta “cansada disso”.
Durante o discurso, Omar referiu-se aos ataques do 11 de Setembro como “algo que algumas pessoas fizeram”, sendo esta afirmação aquela que é destacada no vídeo publicado pelo presidente norte-americano, sendo intercalada com imagens de vídeo dos ataques às Torres Gémeas.
A líder da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, a democrata Nancy Pelosi, foi uma das primeiras vozes críticas da atitude de Donald Trump, sublinhando a que “a memória do 11 de Setembro é território sagrado”. “O presidente não deve usar dolorosas imagens do 11 de Setembro para um ataque político”, acrescentou a ‘speaker’ norte-americana.
Ilhan Omar, eleita pelo estado do Minnesota, nas eleições intercalares de Novembro do ano passado, afirmou este domingo à noite que a publicação do vídeo aumentou o número de ameaças de morte de que é alvo.
“Desde o tweet do presidente, na sexta-feira à noite, assisti a um aumento de ameaças de morte – muitas a referenciar directamente ou em resposta ao vídeo do presidente”, denunciou a congressista. “A retórica violenta e todas as formas de discurso de ódio não têm lugar na nossa sociedade, muito menos do nosso chefe de governo”, escreveu. “Somos todos Americanos. Isto está a pôr vidas em perigo. Tem que acabar”, indicou.
Para a escalada de tensão contribuiu o facto de a porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, ter apoiado a divulgação do vídeo e da mensagem que passa. “Os comentários dela foram absolutamente vergonhosos e indignos de um membro do Congresso, acho bom que o presidente a denuncie”, afirmou.
Sanders desmente que o líder republicano esteja a incitar ao ódio. “O presidente não deseja mal e certamente não deseja violência sobre ninguém”, reiterando que está “absolutamente certo” em denunciar a congressista.