De acordo com a agência, ao longo deste ano tem sido observado um aumento acentuado de graves violações cometidas contra crianças no país, particularmente em relação a mortes e mutilações.
Em comunicado emitido esta terça-feira, em Nova Iorque, a agência aponta que o recrutamento e a utilização de crianças em grupos armados subiu para o dobro em comparação com o mesmo período de 2018. Estima-se que mais de 900 escolas continuem fechadas devido à insegurança no país da África Ocidental.
A directora executiva do UNICEF destaca que “à medida que a violência continua a se alastrar no Mali, as crianças correm cada vez mais riscos de morte, mutilação e recrutamento para grupos armados”.
Para Henrietta Fore, não se deve aceitar o sofrimento das crianças como o novo normal. Para a representante “todas as partes devem parar os ataques a crianças e tomar todas as medidas necessárias para mantê-las fora de perigo, em linha com os direitos humanos e as leis humanitárias internacionais.”
Fore destaca que as crianças “deveriam estar a à escola e a brincar com os seus amigos, e não estar preocupadas com ataques ou a ser forçadas a lutar”.
No norte e centro do país, o aumento acentuado das violações graves levou ao crescimento das necessidades de protecção. Na região de Mopti, a escalada da violência intercomunitária e a presença de grupos armados resultaram em repetidos ataques que levaram à morte e mutilação de crianças, ao seu deslocamento e à separação das suas famílias, e a serem submetidas a violência sexual e ao trauma psicológico.
Em todo o país, estima-se que mais de 377 mil crianças precisem de protecção. A meta do UNICEF é providenciar apoio psicossocial a mais de 92 mil crianças afectadas por conflitos em 2019.
De acordo com a representante do UNICEF no Mali, Lucia Elmi, as necessidades das crianças mais vulneráveis do Mali “são tremendas”. A representante chama a atenção para a necessidade de “mais apoio para fornecerem serviços de protecção que são críticos para as crianças que mais precisam.”
Este ano, são necessários 4 milhões de dólares para que a agência dê resposta às necessidades de protecção infantil de crianças e mulheres no Mali. Nos dois anos anteriores, o programa conseguiu apenas 26% dos fundos necessários.