"O Iémen enfrenta a mais grave crise alimentar mundial do momento, com mais de 18 milhões de pessoas que não sabem de onde virá a sua próxima refeição. Mais de oito milhões delas estão no limiar da fome", disse o porta-voz do Programa Alimentar Mundial (PAM), Hervé Verhoosel.
Em conferência de imprensa, o responsável disse que o conflito no Iémen continua a intensificar-se e "o custo dos alimentos aumentou 33% num ano".
"Se esta situação continuar, podemos ter 3,5 milhões de pessoas adicionais, ou seja um total de 12 milhões de iemenitas, que precisarão de assistência alimentar regular para não caírem numa situação próxima da fome", disse.
"Quantas mais pessoas, mais fundos precisamos", disse, citado pela AFP.
Verhoosel acrescentou ainda que a organização pediu "segurança suplementar para o trabalho dos humanitários".
Por motivos de segurança, o PAM não pode aceder, desde Setembro, a 51.000 toneladas de cereais que se encontram em silos na cidade de Hodeida, no ocidente do país.
Os cereais estão "num bairro onde os combates são diários", explicou.
Neste momento, o PAM tem cereais no país suficientes para ajudar 6,4 milhões de iemenitas durante dois meses e meio, afirmou o porta-voz.
Desde Março de 2015, quando começou a intervenção da coligação liderada pela Arábia Saudita no Iémen, o conflito fez quase 10.000 mortos e provocou "a pior crise humanitária do mundo", segundo a ONU.
"As crianças chegam em estados de malnutrição aguda severa absolutamente atrozes", disse por seu lado um porta-voz da UNICEF, Christophe Boulierac.
"O sofrimento das crianças e as mortes, as mortes de crianças com doenças evitáveis e as consequências da subnutrição são uma realidade diária no Iémen", acrescentou.