No Twitter, a organização não-governamental espanhola que opera o navio, a Proativa Open Arms avançou que a autorização é apenas relativa a 27 menores não-acompanhados, de um total de 29 menores a bordo.
Esta autorização aconteceu depois de uma carta de três páginas do primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, enviado este sábado, a Matteo Salvini pedindo que autorize o desembarque dos menores.
No Twitter, a Open Arms indicou que pediu algum tempo para proceder à retirada dos menores "para comunicar a decisão de forma adequada" e manter a calma entre os passageiros, num contexto, descrito horas antes pelo fundador da ONG, Óscar Camps, como uma "situação fora de controlo" em que os voluntários não podem "garantir a segurança" das pessoas a bordo e receiam um motim.
A ONG estima no entanto que todos os 27 menores possam ser retirados pela guarda-costeira da ilha italiana de Lampedusa.
Numa nota citada pelo diário La Repubblica, Matteo Salvini afirmou que autoriza o desembarque dos menores com desagrado.
"A escolha é exclusivamente do primeiro-ministro e pressupõe um precedente perigoso", acrescentou, frisando que espera "novidades na segunda-feira" relactivamente ao recurso que apresentou da decisão judicial de permitir a entrada do navio em águas italianas para se refugiar de uma tempestade marítima.
O navio humanitário "Open Arms" resgatou em 01 de Agosto 147 pessoas do Mar Mediterrâneo ao largo da Líbia, mas os dois países mais próximos, Itália e Malta, recusaram-lhe o acesso aos seus portos.
Há dois dias, devido ao estado do mar ao largo de Lampedusa, o navio foi autorizado a entrar em águas territoriais italianas, mas impedido de aportar em Lampedusa.
Apesar de, na quinta-feira, seis países europeus, entre os quais Portugal, se terem oferecido para receber os migrantes a bordo do navio humanitário, actualmente 134, o Open Arms continua sem autorização do ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, para aportar.
Entre quinta e sexta-feira, 12 pessoas foram retiradas do navio por necessitarem de assistência médica urgente, permanecendo no navio 134 migrantes e 19 voluntários.
Na sexta-feira, a Procuradoria de Agrigento, Sicília, abriu uma investigação por delito de sequestro contra desconhecidos para
Já hoje, a Procuradoria de Agrigento ordenou uma inspecção médica a bordo, para constatar as condições de higiene e saúde das pessoas a bordo.
Matteo Salvini, líder do partido de extrema-direita Liga, mantém a recusa e acusa a ONG de "provocação política".
"Em 16 dias teriam chegado tranquilamente à vossa casa em Espanha. A batalha desta ONG é política, não é humanitária, travada sobre a pele dos imigrantes. Vergonha. Eu não me rendo", escreveu Salvini no Twitter em resposta a uma mensagem da Open Arms, alertando para "o pesadelo" que se vive a bordo.