Numa nota, à qual Lusa teve acesso, a Frente Cívica de Direitos Humanos (FCDH), convocou uma marcha com início em Chater Garden, no centro da cidade, e que termina em frente ao Gabinete de Ligação de Pequim em Hong Kong, que já foi alvo de anteriores protestos.
“Há cinco anos, o Congresso Nacional do Povo bloqueou o nosso caminho para eleições livres. A sua tentativa de nos privar do sufrágio universal (…) desencadeou o movimento Occupy”, apontou a FCDH, referindo-se aos protestos em 2014, durante os quais se defendeu um processo eleitoral mais democrático no território, naquela que ficou conhecida como a "Revolução dos Guarda-Chuvas".
“A China comunista tentou novamente privar-nos do nosso direito a um julgamento justo” ao tentar fazer passar a lei da extradição, que permitiria a extradição de suspeitos para a China, lembrou agora o movimento pró-democracia.
“O movimento nos últimos meses tornou mais evidente que sem democracia real o Governo nunca ouvirá e respeitará as vozes do povo”, vincou.
Na mesma nota, a FCHC reiterou que vai voltar a exigir a retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial, a demissão da chefe do Governo, Carrie Lam, e sufrágio universal nas eleições para chefe do Executivo e para o Conselho Legislativo (parlamento de Hong Kong).
Contudo hoje, o movimento soma outros objectivos a serem vincados na manifestação: oposição à decisão da China de impor um bloqueio contra o movimento social, exigir a retirada da decisão de há cinco anos do Congresso Nacional do Povo e ainda a libertação de todas as pessoas detidas por apoiarem o movimento democrático de Hong Kong.
Os protestos, que duram há nove semanas, tiveram no domingo uma nova enchente de manifestantes: a FCDH contabilizou 1,7 milhões de manifestantes no protesto pacífico de domingo, contra os 128 mil assinalados pela polícia.
A transferência de Hong Kong para a República Popular da China, em 1997, decorreu sob o princípio "um país, dois sistemas", precisamente o que os opositores às alterações da lei da extradição garantem estar agora em causa.
Para aquela região administrativa especial da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o Governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.