De acordo com documentos do Ministério Público, os procuradores enviaram o nome de Brazão ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), o segundo tribunal hierárquico do país.
De acordo com um documento citado pelo UOL, Brazão, que até agora era testemunha no processo, foi o "arquitecto" do crime cometido sobre a vereadora e, "visando permanecer impune, planeava a divulgação de uma notícia falsa sobre os responsáveis pelo homicídio".
O documento foi assinado pela ex-procuradora-geral Raquel Dodge antes de deixar o cargo em Setembro e foi a primeira vez que uma autoridade se pronunciou sobre o suposto autor intelectual do crime, após um ano e meio de investigações.
Segundo Dodge, Brazão e quatro outras pessoas procuraram testemunhas para fornecer informações falsas para "obstruir" e "desviar" as investigações realizadas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro e que poderiam identificar o empresário e deputado regional "como mentor intelectual do crime".
Em 3 de Outubro, quatro novos suspeitos de terem participado no assassínio da vereadora e do seu motorista foram detidos pelas autoridades, incluindo a mulher e o cunhado do polícia acusado de disparar contra a activista.
Em Março, um ano após o homicídio, os ex-policias Ronnie Lessa e Elcio Vieira de Queiroz foram detidos e formalmente acusados de terem sido os autores materiais do crime.
Lessa, um agente aposentado da Polícia Militar, foi acusado de disparar contra a vereadora e Viera de Queiroz, contra o motorista.
A mulher de Lessa, Elaine Lessa, e o cunhado, Bruno Figueredo, juntamente com Márcio Montalvo e Josinaldo Freitas, foram detidos no início de Outubro, suspeitos de serem cúmplices no desaparecimento de várias armas usadas pelo grupo, incluindo a aquela que foi utilizada para assassinar a activista.
A 18 de Setembro, a então procuradora-geral da República brasileira já denunciara irregularidades na condução do caso do homicídio de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, no seu último dia na liderança do Ministério Público do país.
Raquel Dodge, que concluiu o mandato de dois anos na liderança do Ministério Público Federal, anunciou ainda à imprensa brasileira que acusou o ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro Domingos Brazão, afastado do cargo, como responsável por impedir o desenvolvimento da investigação.
Marielle Franco, vereadora no Rio de Janeiro pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e defensora dos direitos humanos, e o seu motorista Anderson Gomes, foram assassinados na noite de 14 de Março de 2018, quando viajavam de carro pelo centro do Rio de Janeiro, depois de a activista ter participado num ato político com mulheres negras.