“A guerra terminou”, anunciou o comandante em chefe dos Guardas da Revolução, general Hossein Salami, dirigindo-se aos manifestantes que ecoavam “Abaixo a América”, “Abaixo os sediciosos”.
“O inimigo sofreu um golpe mortal”, acrescentou o oficial superior que dirige o exército ideológico da República islâmica do Irão.
A multidão, com mulheres em chador, homens à civil ou clérigos xiitas com turbantes, jovens e menos jovens, convergiu através de diversas avenidas para a praça Enghelab (‘Revolução’ em persa), segundo a agência noticiosa AFP e as imagens difundidas em directo pela televisão estatal.
Numerosos participantes exibiam retratos do ‘ayatollah’ Ali Khamenei, guia supremo da República islâmica, e que mereceu elogios do general Salami pelas suas “competências”, apelando aos iranianos para o seguirem.
As agências iranianas não forneceram estimativas sobre a participação, mas consideraram a manifestação uma “grande aglomeração popular”.
A República islâmica garantiu que a calma foi reposta após diversos dias de manifestações violência que eclodiram em 15 de Novembro, algumas horas após o anúncio de um aumento surpresa no preço dos combustíveis.
Na tarde de segunda-feira, o acesso à internet, cortado pelas autoridades desde 16 de Novembro em todo o país, ainda não tinha sido restabelecido ao nível anterior à crise.
As autoridades iranianas referiam-se a cinco mortos no decurso dos distúrbios, mas a Amnistia Internacional (AI) considera que morreram mais de 100 manifestantes e a ONU disse recear “dezenas” de vítimas.
Desde há vários dias que as autoridades se referem à contestação, na qual foram incendiadas estações de serviço, esquadras, mesquitas e edifícios públicos, como uma “conspiração” urdida a partir do estrangeiro.
Ao dirigir-se “uma vez mais aos inimigos”, numa referência à “América [Estados Unidos], Reino Unido, Israel, a casa dos Saud [a família real da Arábia Saudita]”, o general Salami declarou: “Caso violem as nossas linhas vermelhas, nós destruímos-vos”.