José Pedro Teixeira Fernandes afirma que vários factores estão em causa, nomeadamente a saída unilateral dos EUA do acordo nuclear, em Maio de 2018.
“É a sequência de um processo de tensões que já vinham desde Maio, com o primeiro incidente quando quatro navios petroleiros tiveram danos. Agora em Junho foi um processo que envolveu mais dois navios, onde os indícios apontam alegadamente para o Irão. O que é objectivo, é que há aqui uma escalada de tensão no Golfo Pérsico, que afecta a navegação, a confiança”, afirma.
O especialista chama a atenção para o contexto político no Médio Oriente, onde os países aliados dos EUA, que têm o Irão como inimigo, “pretendem, de alguma forma, uma resposta dura dos EUA”.
Questionado sobre a possibilidade de uma guerra, o convidado da última edição do Panorama 3.0, da Rádio Morabeza, afirma que, apesar do agravar das tensões, há uma incerteza sobre o futuro.
“Essa é a questão que todos nós colocamos um pouco nesta altura, e à qual é muito difícil responder dado os dados que temos e a incerteza, no fundo, ainda sobre todo o processo. Para já, o que assistimos foi a um agravar das tensões. É muito difícil, nesta altura, tirar uma conclusão objectiva”, explica.
Panorama 3.0 #110 - Cães de Rua, Manifestações em São Nicolau e São Vicente, Guiné-Bissau, tensão entre Teerão e Washington
Podcast do programa de grande informação da Rádio Morabeza. Episódio de 21 Junho de 2019
José Pedro Teixeira Fernandes não descarta, contudo, a possibilidade da abertura de um corredor diplomático, o que, a acontecer, poderá resultar na diminuição das tensões.
Nesta matéria, a comunidade internacional pouco pode fazer na mediação do conflito entre Teerão e Washington.
“Por um lado, a União Europeia é fundamentalmente um espectador num conflito no qual tem interesses, isso terá também consequências, mais não sejam económicas e energéticas, mas não tem grandes meios diplomáticos, nem para influenciar o Irão e nem provavelmente os EUA, seja qual for a decisão que venha a ser tomada", argumenta.
"Podíamos pensar nas Nações Unidas, mas também sabemos que quando há interesses de grandes potências, as situações políticas, normalmente, são inconclusivas, nomeadamente porque as grandes potências têm a possibilidade de veto”, diz.
O clima de tensão entre o Irão e os Estados Unidos aumentou de intensidade, na última semana, sobretudo, depois de o Irão ter abatido um drone norte-americano que, segundo Teerão, terá violado o espaço aéreo nacional.
Em resposta, Donald Trump aprovou um ataque ao país, que entretanto foi suspenso posteriormente.