Maud de Boer-Buquicchio afirma que a decisão do papa Francisco de abolir o segredo pontifício para abusos cometidos por clérigos é só o primeiro passo para acabar com “crimes abomináveis”.
O segredo impedia as vítimas de obterem justiça e compensações. A relatora acredita que após o alcance da transparência é chegada a hora de apurar responsabilidade penal e civil aos autores.
Boer-Buquicchio sugere denúncias obrigatórias para todos os clérigos e funcionários do Vaticano que tenham conhecimento de casos de abuso. A relatora especial diz que a igreja tem de exigir tolerância zero para abusos sexuais a crianças em todas as instituições sob sua supervisão, assegurando que os responsáveis pelos abusos sejam demitidos imediatamente.
Apesar de alguns casos terem sido descobertos e denunciados, a continuação dos abusos de crianças permanece “profundamente preocupante”. De Boer-Buquicchio diz que todas as vítimas merecem compensações e cuidados com base nos danos sofridos e no impacto sobre a vida dos sobreviventes e das suas comunidades.
Durante várias décadas, o flagelo do abuso a crianças foi inteiramente ignorado e negado.
A relatora considera que o fardo de denunciar os crimes não pode ser somente das vítimas e que o mundo espera que os países e a Igreja Católica possam cumprir o seu dever de acabar com esta situação.