A nova comissão, a primeira a ser eleita após o processo de reforma da UA iniciado em 2016 sob supervisão do Presidente ruandês, Paul Kagamé, terá menos comissários e será eleita através de um novo sistema baseado no mérito.
A estrutura de liderança da União Africana será composta por oito membros, incluindo um presidente, um vice-presidente e seis comissários, menos dois lugares do que na anterior comissão.
A organização lançou um apelo aos 54 estados-membros, em que se incluem os lusófonos Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique e São Tomé e Príncipe - para que nomeiem candidatos para ocupar os lugares em disputa, sendo que as candidaturas terão de ser submetidas até 04 de Setembro.
Além do mérito, as candidaturas terão de recolher o apoio das regiões de onde são oriundas e os critérios de Selecção terão de respeitar a representatividade regional e a igualdade de género, bem como a rotação entre regiões e países por ordem alfabética.
Os lugares serão repartidos de forma igualitária entre homens e mulheres, sendo que as regiões cujos candidatos forem eleitos para a presidência e vice-presidência da comissão não são elegíveis para os seis lugares de comissários.
Para já, pouco se sabe sobre potenciais candidatos à liderança da comissão da UA, embora seja esperada a recandidatura a um segundo mandato do actual presidente, o chadiano Moussa Faki Mahamat.
Em Março de 2020, foi constituído um painel composto por altos funcionários dos Estados-membros da UA, representando as várias regiões do continente, para dar início e supervisionar o processo de selecção, com a ajuda de peritos em recursos humanos.
Será este painel que elaborará uma lista restrita de candidatos que terão depois de fazer campanha para conquistar dois terços dos votos dos Estados-membros.
Na actual estrutura da comissão, Angola é o único país lusófono representado, com a comissária Josefa Leonel Correia Sacko a assumir a Agricultura e Economia Rural, pasta a que na nova comissão se juntam a Economia Azul e Ambiente Sustentável.
Na área económica, haverá ainda um comissário do Desenvolvimento Económico, Comércio, Indústria e Mineração.
Os Assuntos Políticos e a Paz e Segurança serão fundidos num único departamento.
As restantes pastas são: Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação; Infraestruturas e Energia e Saúde, Assuntos Humanitários e Desenvolvimento Social.
A nova comissão contará ainda com um director-geral não eleito.
"A eficácia e eficiência da nova comissão da UA dependerá dos méritos das pessoas escolhidas para a liderança sénior. Eles serão encarregados de implementar as novas regras e regulamentos da comissão e de tentar criar uma cultura de trabalho baseada no desempenho e na responsabilização", aponta, numa análise ao processo eleitoral, o "think thank" Institute for Security Studies, com representação em Adis Abeba.