Os questionários para a elaboração do relatório provisório foram enviados a 159 países e foram recebidas 105 respostas, o que corresponde a 66% dos países.
Segundo o relatório, 80% dos 105 países estabeleceram pacotes de serviços essenciais de saúde antes da pandemia e 66% desses países já tinham identificado um conjunto básico de serviços a serem mantidos, mas ainda assim a pandemia abalou os sistemas de saúde.
Em geral, interrupções nos serviços essenciais de saúde foram relatadas por quase todos os países, principalmente em países de rendimento baixo, mas a grande maioria foi parcial.
A suspensão total dos serviços ambulatórios e dos cuidados baseados na comunidade foi relatada em 8% dos países.
Os serviços de doenças não transmissíveis (DNT), por exemplo, que a OMS classifica como essenciais para uma ampla gama de condições crónicas, como doenças cardiovasculares, doenças respiratórias crónicas, diabetes e cancro, foram afectados em mais da metade dos países.
O diagnóstico e o tratamento das doenças não transmissíveis foram interrompidos em 69% dos países, com 5% relatando interrupções graves ou completas.
A pesquisa da OMS revela também que o diagnóstico e o tratamento do cancro foram adversamente afectados em 55% dos países e no que respeita aos serviços de estomatologia e de reabilitação os dados indicam que foram interrompidos em 60% dos países.
Também os cuidados paliativos sofreram interrupções em mais da metade dos países (53%, incluindo 6% de interrupção grave ou completa).
O relatório provisório sobre a continuidade dos serviços essenciais de saúde durante a pandemia covid-19 teve como objetivo obter uma visão inicial sobre o impacto nos serviços essenciais de saúde.
A Organização Mundial de Saúde conduziu uma pesquisa com dados disponibilizados pelos ministérios da saúde de cinco regiões entre Maio e Julho de 2020 para avaliar o impacto da pandemia em até 25 serviços essenciais de saúde nos países.
Segundo a OMS todos os serviços foram afectados, incluindo serviços essenciais para doenças transmissíveis, doenças não transmissíveis, saúde mental, reprodutiva, materna, neonatal, infantil e adolescente e serviços de nutrição.
Os serviços de emergência foram os menos interrompidos, embora 16 países tenham relatado interrupções.
As plataformas de prestação de serviços mais gravemente afectadas foram os serviços móveis, muitas vezes suspensos pelos governos, e as campanhas, por exemplo, usadas para a prevenção da malária ou imunização.
Mais da metade dos países tinham políticas que afectavam parcial ou totalmente os serviços ambulatórios (61%), cuidados baseados na comunidade (54%), serviços hospitalares (53%) e clínicas móveis (47%).
Os serviços de atendimento de emergência pré-hospitalar e os serviços de unidades de emergência foram afectados numa minoria de países (12% e 8%, respetivamente).
A distribuição das interrupções de serviço nas sub-regiões da OMS foi desigual, tendo sido relatadas com muito mais frequência por países de rendimentos baixo, embora a disseminação fosse ampla. Quanto mais poder económico tem um país menor é a proporção mediana de serviços interrompidos.
A região do Mediterrâneo Oriental foi a mais afectada, seguida pelas regiões da África e do Sudeste Asiático. Os serviços essenciais de saúde nos países da Europa e das regiões do Pacífico Ocidental foram os menos afectados.
Segundo a OMS a recolha de dados na América do Sul e na América do Norte será feita em data posterior.
Para a Organização Mundial de Saúde o impacto da pandemia nos serviços essenciais de saúde é uma fonte de grande preocupação considerando que o colapso dos serviços essenciais de saúde - incluindo promoção da saúde, serviços preventivos, diagnóstico, tratamento e serviços de reabilitação e paliativos - provavelmente terá graves efeitos adversos à saúde, especialmente nas populações mais vulneráveis, como crianças, idosos, pessoas que vivem com doenças crónicas ou deficiências e grupos minoritários.
O relatório provisório revela ainda que apenas 55% dos 105 países alocaram financiamento governamental adicional para garantir serviços essenciais de saúde. Essa resposta foi mais comum em países com poder económico médio alto ou elevado (70% em ambos os grupos) do que em países de renda média baixa e média baixa (41% e 42%, respetivamente).
A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 847.071 mortos e infectou mais de 25,2 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.