Em entrevista à britânica The Spectator, David Navarro considera que é preciso aprender a coexistir com o coronavírus de uma forma que não requeira constantes encerramentos das economias e, ao mesmo tempo, que não implique altas taxas de sofrimento e morte.
Na opinião pessoal deste responsável da OMS, “o pior da pandemia ainda não passou” e o novo coronavírus “ainda está no princípio da sua convivência com a raça humana”.
“As nossas estimativas [da organização] dizem que, possivelmente, 10% da população já estiveram em expostos ao vírus, faltam 90%”, acrescentou.
O confinamento não deve, por isso, ser a primeira solução, mas o último recurso.
“Os encerramentos só têm uma consequência, que não é de desprezar, que é de deixar as pessoas pobres ainda mais pobres”, disse, acrescentando que a OMS não advoga a favor dos encerramentos como principal meio de controlo do vírus.
Segundo este responsável, os governos devem ver os confinamentos como “uma forma de conseguir algum tempo para reorganizar, reavaliar e proteger os trabalhadores dos serviços de saúde, que estão exaustos”.
Entretanto, explicou que para conter os surtos de forma rápida, é necessário “serviços locais e muitos organizados de controlo de infecção”, como serviços de testagem e contact tracing, e “envolver os actores locais o mais possível”.
Isto porque, conforme defendeu, qualquer medida de controlo tem mais efeito se for feita ao nível local. E, por último, perceber que só trabalhando em conjunto se pode conter o vírus, com medidas como distanciamento físico, protecção facial e higiene.
A mudança de posição surge depois de ter sido conhecido um documento, assinado por vários especialistas de todo o mundo, conhecido como a Grande Declaração de Barrington, na que se pedia que se acabassem com os confinamentos pelo “dano irreparável” que estavam a fazer.