"A velocidade e a escala da terceira vaga em África é uma coisa nunca antes vista. A propagação desenfreada de variantes mais contagiosas coloca a ameaça num nível completamente novo", disse hoje a directora regional para África da OMS, Matshidiso Moeti.
A responsável da OMS África, que falava na conferência de imprensa semanal sobre a evolução da pandemia no continente africano, alertou que "mais transmissão significa mais doenças graves e mais mortes" e apelou para o reforço das medidas de prevenção "para impedir que uma emergência se torne uma tragédia".
De acordo com a OMS, os novos casos de COVID-19 estão a aumentar em África há seis semanas consecutivas a uma média semanal de 25%, tendo ultrapassado na semana que terminou a 27 de Junho os 200 mil novos casos, enquanto, no mesmo período, as mortes crescerem 15% em 38 países para mais de 3 mil.
A organização adianta que a variante Delta, identificada na Índia, está a "alastrar" a um número crescente de países, tendo já sido identificada em 16, incluindo nove com trajectória epidémica crescente.
Foi também identificada em três dos cinco países que relataram o maior número de casos na última semana e é dominante na África do Sul, país responsável por mais de metade dos casos registados no continente no mesmo período.
De acordo com os relatórios nacionais mais recentes, a variante Delta foi detectada em 97% das amostras sequenciadas no Uganda e em 79% das amostras sequenciadas na República Democrática do Congo.
No Uganda, 66% dos casos de doença grave em pessoas com idade inferior a 45 anos são atribuídas à variante Delta.
Com o aumento do número de casos e hospitalizações em todo o continente, a OMS estima que a procura de oxigénio em África venha a ser 50% superior do que para o pico da primeira vaga, há um ano.
As variantes Alfa e Beta foram identificadas em 32 e 27 países, respectivamente.
A Alfa foi detectada na maioria dos países da África do Norte, Ocidental e Central, enquanto a Beta está mais disseminada na África Austral.
A OMS assinalou, por outro lado, que o facto de as remessas de vacinas contra a COVID-19 para África terem "secado", estando actualmente totalmente imunizadas apenas 15 milhões de pessoas, ou seja 1,2% da população africana.
"Enquanto os fornecimentos são reduzidos, a partilha de doses pode ajudar a preencher as lacunas. Estamos gratos pelas promessas feitas pelos nossos parceiros internacionais, mas precisamos de uma acção urgente em matéria de envios. África não deve ser deixada a definhar no auge da pior vaga até agora", afirmou Moeti.
O continente africano já ultrapassou os 5,5 milhões de casos de infecções por COVID-19 e regista mais de 142 mil mortes, segundo dados divulgados hoje pelo Centro de Prevenção e Controlo de Doenças da União Africana (África CDC).
Globalmente, a pandemia de COVID-19 provocou, pelo menos, 3.949.567 mortos, resultantes de mais de 182,1 milhões de casos de infecção, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse.