As pessoas curadas da COVID-19 "já desenvolveram na altura da infecção uma memória imunológica. A dose única da vacina irá desempenhar assim a função de um aviso”, explicou a Alta Autoridade de Saúde francesa no seu parecer, que ainda não recebeu a aprovação do Governo.
No mesmo parecer, a autoridade francesa recomenda esperar "mais de três meses" após o registo da doença, “de preferência seis meses" antes de injectar a dose única da vacina.
“Até à data, nenhum país tomou uma posição clara sobre uma vacinação de dose única para as pessoas que contraíram COVID-19 antes da vacinação", sublinhou o organismo.
Nos últimos dias, esta hipótese foi mencionada em vários estudos realizados nos Estados Unidos da América e em Itália, análises que ainda não foram avaliadas por outros cientistas.
Entre outros argumentos, os investigadores envolvidos nestes estudos assinalaram que dar uma única dose da vacina a pessoas que já tenham contraído o SARS-CoV-2 poderá possibilitar a poupança de doses num contexto de escassez de oferta.
O executivo francês normalmente acata os pareceres da Alta Autoridade de Saúde.
Uma das excepções ocorreu no final de Janeiro, quando o Governo francês considerou que o prazo previsto entre a toma das duas doses da vacina Pfizer/BioNTech não podia ser dilatado, contrariando assim uma recomendação emitida alguns dias antes pela Alta Autoridade de Saúde.
As autoridades sanitárias francesas estão a apostar fortemente na progressão da campanha de vacinação para fazer frente à situação epidémica registada no país, que continua frágil, mas também admitem que há ainda um longo caminho a percorrer.
Segundo dados relativos a quinta-feira, 2.135.333 pessoas já receberam pelo menos uma dose da vacina contra a COVID-19 em França, das quais 535.775 pessoas já foram inoculadas com duas doses.
Desde o início da crise pandémica, 3,4 milhões de casos de infecções pelo novo coronavírus foram diagnosticados (e confirmados por testes) em França.
É provável que o número de pessoas que contraíram o vírus em França possa ser maior, especialmente durante a primeira vaga de infecções, altura em que a capacidade de testagem era inferior.
Três vacinas contra a COVID-19 estão actualmente autorizadas na União Europeia: Pfizer/BioNTech, Moderna e AstraZeneca/Oxford.
Todas requerem a administração de duas doses para serem eficazes em pessoas que nunca tiveram contacto com o SARS-Cov-2.
A vacina da Johnson & Johnson, que está em processo de avaliação pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA), requer apenas de uma dose.