As forças especiais guineenses lideradas pelo tenente-coronel Mamady Doumbouya anunciaram no domingo que tinham capturado o chefe de Estado, visando pôr fim à “má gestão financeira, à pobreza e à corrupção endémica” e “à instrumentalização da justiça (e) ao atropelo dos direitos dos cidadãos”.
Os militares dissolveram o governo e as instituições e aboliram a constituição que o Condé tinha adoptado em 2020, de modo a assegurar uma recandidatura um terceiro mandato, numas eleições que acabou por ganhar.
Após o golpe de estado e prisão do Presidente, os militares introduziram um recolher obrigatório e fecharam as fronteiras terrestres.
A CEDEAO condenou o golpe de Estado na Guiné no domingo e apelou à “libertação imediata e incondicional do Presidente Condé”.
A organização que junta 15 países da África Ocidental – entre os quais Cabo Verde e Guiné-Bissau – irá realizar uma cimeira virtual extraordinária para discutir a situação na Guiné, uma crise que tem levado a uma condenação internacional generalizada, desde o secretário-geral da ONU, António Guterres, à União Africana e União Europeia.
Durante meses, o país, que se encontra entre os mais pobres do mundo apesar dos consideráveis recursos minerais e hídricos, tem estado em profunda crise política e económica, agravada pela pandemia de Covid-19.
Condé, um antigo opositor do regime de partido único, tornou-se no primeiro presidente democraticamente eleito da Guiné em 2010, após décadas de regime autoritário.
Nos últimos anos, vários activistas dos direitos humanos criticaram a sua deriva autoritária, o que minou os ganhos dos primeiros tempos.