CEDEAO e União Africana "profundamente" preocupados com situação do Mali

PorExpresso das Ilhas, Lusa,25 mai 2021 7:18

A União Africana e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) manifestaram, na segunda-feira, "profunda preocupação" com a situação política no Mali, depois da detenção do Presidente e do primeiro-ministro num aparente golpe de Estado.

Em comunicado, os presidentes das comissões da União Africana e da CEDEAO declararam "profunda preocupação" com a "evolução da situação política" no Mali, na sequência da detenção do Presidente, Bah Ndaw, e do primeiro-ministro, Moctar Ouané.

Os dois órgãos "condenam veementemente este acto extremamente grave que não pode, de forma alguma, ser tolerado à luz das disposições relevantes da CEDEAO e da União Africana", razão pela qual exortaram "os militares a regressarem aos quartéis".

A libertação "imediata" das duas principais figuras do Estado maliano também foi exigida pelas duas organizações.

O Presidente do Mali, Bah Ndaw, e o primeiro-ministro, Moctar Ouané, foram hoje detidos e transportados para um campo militar perto de Bamako, capital do país, por um grupo de soldados insatisfeitos com o novo Governo.

"O Presidente e o primeiro-ministro estão aqui em Kati para tratar de assuntos que lhes dizem respeito", disse um alto funcionário militar à France-Presse (AFP), que confirmou esta informação junto de outra fonte, sob condição de anonimato.

O campo de Kati é considerado a maior instalação militar maliana e foi neste local que o antigo Presidente eleito, Ibrahim Boubacar Keïta, foi obrigado a renunciar ao cargo por um grupo de coronéis golpistas, em 18 de Agosto de 2020.

Será este mesmo grupo que está a levar a cabo o aparente golpe de Estado, nove meses depois, de acordo com a AFP.

As intenções do grupo ainda são desconhecidas.

Em 2012, também o então primeiro-ministro, Modibo Diarra, foi detido por golpistas e forçado a renunciar.

O novo Governo não inclui oficiais próximos da Junta Militar, dos quais Assimi Goïta era líder, e que tinha conquistado o poder depois do golpe de 2020.

Estes coronéis criaram os órgãos de transição algumas semanas depois do golpe, entre os quais um chefe de Estado - o militar aposentado Bah Ndaw - e um primeiro-ministro - o civil Moctar Ouané.

Na sequência da pressão da comunidade internacional e da população, os militares concordaram em devolver o poder aos civis eleitos, num período de 18 meses, e não em três anos, como inicialmente previsto.

Sob forte contestação política e social, Ouané renunciou ao cargo há dez dias, mas foi imediatamente reconduzido pelo Presidente transitório e indigitado para formar Governo.

A principal incógnita era saber quais seriam as pastas para os militares, em particular os próximos da antiga Junta Militar, aumentando nos últimos dias os receios de que os coronéis golpistas rejeitassem as escolhas do primeiro-ministro.

De acordo com as alterações proferidas na rádio e televisões do país, no novo governo foram para militares as pastas da Defesa, Segurança, Administração do Território e Reconciliação Nacional, mas deixando de fora dois oficiais da antiga junta, Sadio Camara e Modibo Kone, que tutelavam a Defesa e a Segurança.

Os dois coronéis foram substituídos por Souleymane Doucoure e pelo general Mamadou Lamine Ballo, respetivamente.

O Governo anunciado também vai incluir dois elementos -- para as pastas da Educação e dos Assuntos Fundiários, respetivamente -- da União para a República e Democracia, principal força política do Movimento 05 de Junho, que incentivou a disputa política que levou ao derrube de Ibrahim Boubacar Keïta.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,25 mai 2021 7:18

Editado porAndre Amaral  em  5 mar 2022 23:20

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