"Os membros do Conselho de Segurança condenam veementemente a prisão do presidente e do primeiro-ministro responsável pela transição, bem como de outros funcionários por elementos das forças armadas", lê-se na declaração tornada pública.
"Impor uma mudança de rumo da transição pela força, inclusive por renúncias forçadas, (é) inaceitável", especifica o texto.
O Conselho de Segurança pede "a libertação imediata e incondicional de todos os responsáveis" e insta "os elementos das forças de defesa e segurança a regressarem aos seus quartéis sem demora".
É também pedida a "retomada imediata" da transição liderada por civis no Mali, sob o controle dos militares desde um primeiro golpe no verão de 2020, com eleições "no prazo de 18 meses".
Uma primeira versão do texto previa a ameaça implícita de possíveis medidas de retaliação contra os militares, mas essa referência foi retirada devido à oposição de alguns países membros do Conselho de Segurança, disseram fontes diplomáticas à AFP.
Os 15 membros do Conselho reiteram finalmente o seu apoio aos esforços regionais para uma resolução da crise e um retorno ao poder dos civis, sublinha a declaração, enquanto uma cimeira extraordinária da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) poderá ser convocada em breve, de acordo com diplomatas.
O coronel Assimi Goita disse na terça-feira que tinha demitido o Presidente e primeiro-ministro de transição, acusando-os de formarem um novo Governo sem o consultar, apesar de ser o vice-presidente responsável pelas questões de segurança, uma atribuição primordial num país sob a ameaça 'jihadista' e de todo o tipo de violência.
Goita, coronel que liderou um golpe de Estado em Agosto de 2020, justificou a ação com uma "crise de muitos meses a nível nacional", em referência às greves e várias manifestações convocadas no país por atores sociais e políticos.
Desde a sua independência de França, em 1960, o Mali foi palco de vários golpes de Estado, resultantes de motins por militares em 1968, 1991, 2012 e 2020.