O apelo é feito pelo chefe da delegação do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICR) no Afeganistão, Ignacio Casares, citado pela agência EuropaPress, acusando a comunidade internacional de ter virado as costas ao país.
"A situação humanitária dramática que se vive no país não pode estar sujeita a considerações políticas de nenhum tipo", defendeu o responsável do CICR.
Ignacio Caseres refere que, após a tomada do poder pelo regime talibã, a comunidade internacional deixou de investir no Afeganistão, deteriorando a situação económica e social do país.
A título de exemplo, o responsável do CICR referiu a decisão dos EUA de congelar os activos financeiros do país, situação que originou a que as novas autoridades do Afeganistão não tenham dinheiro para pagar o salário dos funcionários públicos e que seja afectada a prestação de serviços básicos, como a saúde.
"O CICR teve de dar aqui um passo em frente e está a apoiar o sistema de saúde afegão e também o ensino sanitário", conta.
Além da área da saúde, o CICR está também a prestar apoio ao sector agrícola, social e da energia.
Ignacio Caseres disse ainda que o organismo mantém uma relação de cooperação com o regime talibã e sublinhou que, "depois de quatro décadas de conflito aquilo que os afegãos mais desejam é paz e tranquilidade".
Numa mensagem escrita na segunda-feira na rede social Twitter, os talibãs ameaçaram reconsiderar as relações bilaterais com os EUA se Washington não revir a apreensão de sete mil milhões dólares de reservas do banco central afegão, metade dos quais em compensação pelas vítimas do 11 de Setembro.
O Afeganistão enfrenta uma profunda crise humanitária desde a chegada ao poder, em agosto, dos talibãs, depois de 20 anos de uma guerra devastadora e do fim da ajuda internacional, que representava 75% do orçamento afegão.
De acordo com as Nações Unidas, 55% da população, ou seja, 23 milhões de afegãos, estão em risco de fome.