"Os nossos novos cálculos mostram que os países do G7 são responsáveis por 51% dos pagamentos de dívida externa que os países de baixo rendimento vão fazer, sendo que a China é credora de 14% dos pagamentos", lê-se numa nota enviada à Lusa pela Debt Justice, o novo nome do Comité para o Jubileu da Dívida, a organização activista contra a pobreza e por uma dívida justa.
A nota surge nas vésperas da reunião dos ministros das Finanças do G7, que vai decorrer entre 18 e 20 deste mês, na qual a crescente onda de endividamento dos países mais pobres, mas não só, deverá ser um dos temas em cima da mesa.
"Estamos a pedir ao G7 que desbloqueie as negociações internacionais sobre o alívio da dívida e defendemos que devem obrigar os credores privados a cancelar a dívida, no seguimento do que a directora executiva do Fundo Monetário Internacional e o presidente do Banco Mundial já fizeram relativamente aos governos dos EUA e do Reino Unido para aprovarem legislação nesse sentido", disse o economista-chefe desta organização sediada em Londres, Tim Jones.
Segundo a nota, "os cálculos são baseados no facto de muitas dívidas aos credores privados terem sido contraídas ao abrigo das leis norte-americanas e britânicas, muitos credores privados terem sede em países do G7, e no facto de os países do G7 deterem uma forte posição accionistas em instituições multilaterais, como o FMI e o Banco Mundial".
"Os empréstimos a bancos, fundos de investimento e intermediários de petróleo são um problema bem maior para os países de baixo rendimento do que as dívidas à China", disse Tim Jones, defendendo que "os países do G7 têm de assumir a responsabilidade pelas dívidas contraídas na sua jurisdição legal e que são devidas às suas empresas e acordar urgentemente novos meios de obrigar os credores privados a cancelar as dívidas".
O aumento da dívida pública no seguimento dos efeitos da pandemia de covid-19 tem sido uma das principais preocupações dos governos de países com baixo rendimento, nomeadamente em África, cuja média da dívida sobre o Produto Interno Bruto (PIB) deverá este ano rondar os 60%, de acordo com os dados do FMI.