Lula da Silva, candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) às eleições presidenciais brasileiras, reconheceu, no domingo à noite, que nem sempre é possível conquistar uma eleição logo "à primeira volta", fazendo referência ao desfecho do escrutínio deste fim de semana.
"Em toda a eleição que disputo tenho vontade de ganhar na primeira volta, mas nem sempre é possível", apontou o ex-presidente, num discurso perante os seus apoiantes.
Até porque, como recordou, esta não é a primeira vez que algo do género acontece. “Nunca venci uma eleição na primeira volta”, explicou.
Na sua argumentação, o principal rosto do Partido dos Trabalhadores (PT) fez questão de acrescentar que "há uma coisa" que o "motiva", "estimula" e "faz renascer a cada dia": a "crença de que nada acontece por acaso".
Lembrando que "durante toda a campanha" se apresentou na liderança das "pesquisas de opinião pública", Lula da Silva garantiu que "sempre achou" que sairia vencedor destas eleições presidenciais. "E ainda vou ganhar estas eleições", exclamou.
"Isto para nós é apenas uma prorrogação", apontou ainda o candidato mais votado nesta primeira volta das presidenciais brasileiras, que agradeceu ao "povo brasileiro" por "mais este gesto de generosidade".
Revolta entre os apoiantes de Bolsonaro
"O meu sentimento hoje é de revolta", disse à Lusa Ivone Luzardo, no jardim do Palácio da Alvorada, a residência oficial de Jair Bolsonaro.
Definindo-se como cristã, conservadora e patriota, Ivone Luzardo sente-se cansada de ser acusada por alguns juízes do Supremo Tribunal Federal de ser antidemocrática. "Nós fomos roubados nas urnas", sublinhou, visivelmente irritada.
As principais sondagens do país divulgadas na véspera das eleições presidenciais, como o instituto Datafolha, deram apenas 36% das intenções de voto a Jair Bolsonaro e 50% dos votos a Lula da Silva, ou seja, uma possível vitória logo à primeira volta.
O Presidente brasileiro teve quase mais oito pontos percentuais (43,2%) e Lula da Silva 48,43%, quando estão apuradas 99,99% das secções dde voto.
Ainda assim, Bolsonaro já tinha afirmado antes das eleições que se não tivesse mais de 60% já na primeira volta "algo estranho" teria acontecido.
"O sentimento é de tristeza porque a gente esperava por outro resultado. No meu sentimento, teve fraude", contou à Lusa Juliana Caren, seguindo a linha da campanha de Bolsonaro que tem denunciado e levantado dúvidas em relação às urnas electrónicas.
Em contraponto, o Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) garantiu que as autoridades cumpriram a missão de trazer transparência às eleições e elogiou as urnas eletrónicas.
"Saímos com a certeza que a justiça eleitoral cumpriu novamente a sua missão de trazer transparência", declarou, em Brasília, Alexandre de Maraes.