"Com o seu hábito de sanções, os europeus estão a perder toda a racionalidade e toda a seriedade. Com a sua abordagem errada, a Europa está a reduzir o alcance das suas relações", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão, Nasser Kanani, num comunicado divulgado pela agência de notícias oficial Irna.
"A República Islâmica do Irão responderá com eficácia e força às acções não construtivas da Europa", acrescentou.
Na segunda-feira, os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia adoptaram novas sanções contra os responsáveis pela repressão aos protestos no Irão, depois da morte de uma jovem iraniana, abrangendo 29 indivíduos e três entidades.
Entre os sancionados estão o ministro do Interior do país, Ahmad Vahidi, e três instituições, incluindo o canal estatal Press TV, acusado de transmitir "confissões forçadas" de detidos após a repressão aos protestos desencadeados pela morte de Mahsa Amini em 16 de Setembro.
Os chefes de diplomacia europeia aprovaram, assim, o acordo político já alcançado ao nível de embaixadores dos 27 relativamente a um reforço das sanções ao Irão, com a ampliação da lista de pessoas e entidades alvo de medidas restritivas, para incluir responsáveis pela violenta repressão de protestos pacíficos.
A lista das sanções da UE contra o Irão já penalizou 126 pessoas e 11 instituições.
No mês passado, a UE congelou os bens e proibiu vistos a funcionários da polícia da moralidade, da Guarda Revolucionária e também ao ministro das Tecnologias da informação do Irão.
O Irão tem sido palco de protestos desde a morte de Mahsa Amini, de 22 anos, que foi violentamente agredida e detida pela polícia da moralidade por infringir o rígido código de vestuário feminino, porque embora envergasse o 'hijab' (véu islâmico), este deixava ver parte do seu cabelo.
No domingo, um tribunal de Teerão condenou pela primeira vez à morte uma pessoa acusada de participar nos "motins", considerando-a culpada por "ter incendiado um edifício governamental, por perturbar a ordem pública, por actos de reunião e conspiração para cometer um crime contra a segurança nacional, e por ser inimigo de Deus".
No mesmo dia, a Justiça iraniana acusou 440 pessoas pela participação nos protestos, considerando culpados 276 dos acusados, o que os obriga a ir a julgamento.
As autoridades iranianas não referiram o número total de detidos nem mortos no país, mas a organização não-governamental (ONG) Iran Human Rights, com sede em Oslo, estima que haja 326 mortos.