“As autoridades policiais angolanas estão a acompanhar com a devida atenção o evoluir do processo-crime, que envolve a apreensão desta embarcação, no âmbito da cooperação existente com as congéneres espanholas", segundo um comunicado do Serviço de Investigação Criminal de Angola com data de sexta-feira e enviado hoje à agência Lusa.
O barco, baptizado com o nome 'Simione', tem mais de 40 metros e foi interceptado no Atlântico pelas autoridades espanholas, dentro de uma operação de combate ao tráfico de droga que já havia colocado o pesqueiro sob vigilância.
O "Simione" levava a bordo mais de três toneladas de cocaína, que haviam sido passadas desde outro barco em alto mar, e pretendia fazer chegar a droga à costa espanhola, mais em concreto à Galiza, no norte de Espanha, segundo as informações divulgadas pelas autoridades policiais de Espanha.
Depois de interceptado, o barco foi levado para as ilhas Canárias, também em Espanha, e os três tripulantes estão agora em prisão preventiva.
Em terra, na Galiza, a polícia espanhola deteve mais 13 pessoas.
O "Simione" foi fretado num porto do Senegal pela organização de narcotraficantes espanhola e depois fez parte de um esquema usado pelo grupo que passava por, através de uma empresa pesqueira, simular que os barcos faziam campanhas de pesca no Atlântico, junto às costas africanas, recolhendo em alto mar droga de outros barcos e fazendo-a depois chegar a terra, na Galiza.
No caso do "Simione", outros elementos da rede estavam a arranjar um barco num porto galego para ir ao encontro do pesqueiro e fazer, em águas territoriais portuguesas, um novo transbordo da droga, que seria depois então levada para a Galiza, segundo revelaram as autoridades espanholas.
A operação recebeu o nome de "Sugar Brown" ("açúcar castanho") e além de investigadores e forças policiais de Espanha, contou com a cooperação de autoridades do Senegal, onde foram vigiados os traficantes galegos que se deslocavam ao país africano para fretar barcos e contratar tripulações.
Também a agência norte-americana de combate ao narcotráfico (DEA, na sigla original) e a autoridades britânicas de combate ao crime colaboraram nesta investigação, segundo fontes citadas pelos meios de comunicação social espanhóis.
Em terra, na Galiza, foram revistadas casas e empresas e entre os bens apreendidos estão carros de gama alta, dispositivos electrónicos encriptados e 20 mil euros em dinheiro, além de 1,5 quilos de cocaína e 1 quilo de heroína.
Esta investigação havia começado no início de 2022 e terminou com o desmantelamento da rede de tráfico de droga galega, em 21 de Dezembro, dia em que o "Simione" foi interceptado com as três toneladas de drogas escondidas a bordo, e depois levado para as Canárias, onde permanece à guarda das autoridades espanholas.
Segundo o comunicado do Serviço de Investigação Criminal de Angola, o navio havia saído do país "cumprindo todas as formalidades e procedimentos legais, com as devidas autorizações dos órgãos competentes e sob direcção da sua tripulação".