Trata-se do primeiro acordo entre a Polónia e a Ucrânia desde o anúncio, em Setembro, do embargo polaco às importações de produtos agrícolas ucranianos.
O acordo envolve directamente a Lituânia.
"Chegámos a acordo sobre uma questão importante", declarou o ministro da Agricultura da Polónia, Robert Telus, no final de uma reunião tripartida.
"A partir de amanhã [quarta-feira], os controlos na fronteira ucraniano-polaca para os cereais que transitam pela Lituânia vão ser efectuados em território lituano. Num porto lituano", afirmou.
"A Lituânia assume toda a responsabilidade por estas inspecções", acrescentou.
Telus acrescentou que a Polónia vai continuar a construir corredores de trânsito, porque, afirmou "é bom para os agricultores polacos, para a Ucrânia, para a União Europeia e para todo o mundo, uma vez que os cereais da Ucrânia devem ser transportados para as regiões que deles precisam".
Este é o primeiro acordo entre a Polónia e a Ucrânia desde o início da crise diplomática entre os dois países, causada pelo embargo polaco às importações de cereais ucranianos.
Varsóvia pretendia proteger o mercado interno e os agricultores nacionais pelo "colapso do preço" dos produtos agrícolas.
O trânsito de cereais ucranianos através da Polónia para outros países continua a ser autorizado.
De acordo com o Ministério da Agricultura ucraniano, a decisão anunciada hoje "vai acelerar o trânsito através da Polónia".
Num comunicado de imprensa, o ministério ucraniano declarou ainda que Varsóvia e Vilnius "apoiam o mecanismo de controlo e consideram-no um passo construtivo".
Desde o início da segunda ofensiva russa na Ucrânia (Fevereiro de 2022) que Moscovo bloqueia o acesso ao Mar Negro.
Os países vizinhos da Ucrânia tornaram-se essenciais para o trânsito de cereais ucranianos para África e para o Médio Oriente.
Os Estados vizinhos da Ucrânia registaram um afluxo de cereais depois de a União Europeia ter levantado os direitos aduaneiros em Maio de 2022.
Em vez de chegarem aos destinos desejados, os cereais permaneceram na Europa Central devido a problemas logísticos, fraudes e falta de vigilância.
Na sequência da saturação dos silos e da queda dos preços, vários dos países impuseram um embargo unilateral.
Bruxelas aprovou formalmente estas restrições - a título temporário -, e sob reserva, de manter a passagem dos cereais para outros destinos.
O acordo expirou em meados de Setembro e a Comissão Europeia decidiu não proceder à renovação.
Em contrapartida, Kiev prometeu medidas para controlar melhor os fluxos de exportação.
A Hungria, a Polónia e a Eslováquia retaliaram prolongando o embargo, o que levou a Ucrânia a apresentar uma queixa junto da Organização Mundial do Comércio (OMC).
O embargo provocou uma crise nas relações entre Kiev e Varsóvia.
No final de Setembro, o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kouleba, declarou que nem a Ucrânia nem a Polónia "precisavam da guerra dos cereais", considerando que a campanha eleitoral para as eleições legislativas polacas de 15 de Outubro estava a "alimentar tensões".