"O Hamas não governará Gaza, Israel não governará os civis de Gaza. Os residentes de Gaza são palestinianos, portanto as organizações palestinianas estarão no comando, desde que não haja acções hostis ou ameaças contra o Estado de Israel", destacou este ministério, em comunicado.
Este plano pós-guerra, que não especifica quais instituições palestinianas assumiriam o controlo do enclave, será apresentado pelo ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, ao gabinete de guerra antes da próxima visita a Israel do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken.
Netanyahu assegurou repetidamente que não tem intenção de entregar o controlo da Faixa de Gaza à Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), que governa pequenas partes da Cisjordânia ocupada, através do seu presidente Mahmoud Abbas.
Membros mais radicais da direita da coligação de Netanyahu defenderam publicamente o incentivo à emigração dos habitantes de Gaza para outros países e que Israel retomasse a política de colonatos no enclave, que desmantelou em 2005.
Mas o Ministério da Defesa divulgou uma opinião diferente esta quinta-feira, ao garantir que "não haverá presença civil israelita na Faixa de Gaza", embora Israel aparentemente mantenha o bloqueio aéreo, terrestre e marítimo que exerce sobre o enclave desde 2007.
"Devido a requisitos de segurança, Israel realizará a inspeção das mercadorias que entram na Faixa de Gaza", apontou o ministério.
Além disso, Gallant prevê que uma frente internacional, incluindo os Estados Unidos, países europeus e do Médio Oriente, "assumirá a responsabilidade pela reabilitação da Faixa" de Gaza.
Os Estados Unidos - principal parceiro de Israel e que tem apoiado o Estado judeu até com o fornecimento de armas - querem que a ANP tenha algum controlo sobre Gaza quando a guerra terminar, e defendem uma solução de dois Estados para o conflito israelo-palestiniano.
A ANP, com acordos de cooperação com Israel baseados nos Acordos de Oslo (1993-1995), perdeu o controlo de Gaza em 2007, quando o Hamas tomou o poder pela força.
Esta entidade palestiniana afirmou que só assumirá a administração do enclave no quadro de um processo de paz com Israel que contemple a criação de um Estado Palestiniano, com Jerusalém Oriental como capital e a Cisjordânia e Gaza como territórios constituintes, algo que está muito longe da realidade actual.
O mais recente conflito entre Israel e o Hamas foi desencadeado pelo ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano em território israelita em 07 de Outubro, massacrando cerca de 1.140 pessoas, na maioria civis mas também 400 militares, e levando mais de 200 reféns, segundo números oficiais de Telavive.
Em retaliação, Israel, que prometeu eliminar o movimento palestiniano considerado terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, lançou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local, já foram mortas mais de 22.000 pessoas -- na maioria mulheres, crianças e adolescentes -- e feridas acima de 57 mil, também maioritariamente civis.
O conflito provocou também cerca de 1,9 milhões de deslocados (cerca de 85% da população), segundo a ONU, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária.