Haiti vítima de "barbárie" semelhante a zonas de guerra, diz ministro

PorExpresso das Ilhas, Lusa,26 jan 2024 7:59

O povo haitiano "não aguenta mais" diante da "barbárie" de gangues armados semelhante à de zonas de guerra "que movem o mundo", denunciou hoje o ministro das Relações Exteriores do país caribenho perante o Conselho Segurança da ONU.

"Se mantivéssemos actualizados e publicássemos diariamente - como fazem outras populações sofredoras - estatísticas sobre as atrocidades sofridas pela população haitiana nas mãos de gangues armados, vocês entenderiam que não há diferença entre as bestialidades que vivenciamos e aquelas que comovem o mundo diante dos horrores e das barbáries da guerra e dos conflitos armados em outros lugares", continuou o ministro Jean Victor Généus.

O Escritório Integrado da ONU no Haiti (BINUH) documentou em 2023 mais de 8.400 vítimas directas da violência de gangues no país, incluindo pessoas mortas, feridas e sequestradas, representando um aumento de 122% face a 2022, foi hoje divulgado.

"Já se passaram quase dois anos desde que cheguei até vocês para pintar um quadro cada vez mais triste e sombrio da situação humanitária e de segurança no meu país", lamentou o governante.

"O povo haitiano não aguenta mais. Espero que este momento seja realmente o último antes do envio para o terreno de uma força multinacional de apoio à segurança" autorizada pelo Conselho em Outubro, exortou.

"O povo haitiano já sofreu o suficiente com a barbárie dos gangues armados (...). Cada dia que passa sem esse tão esperado apoio é um dia a mais que vivemos num inferno de gangues", acrescentou Généus.

Confrontado com a grave crise no Haiti e os repetidos apelos Governo haitiano e do secretário-geral da ONU, António Guterres, o Conselho de Segurança deu finalmente o seu aval em Outubro para o envio ao Haiti de uma missão multinacional liderada pelo Quénia, a fim de ajudar a sobrecarregada polícia haitiana.

O parlamento queniano aprovou o envio de 1.000 agentes policiais em Novembro, mas a missão continua pendente de uma decisão do Tribunal Superior de Nairobi, prevista para hoje.

"Sem prejudicar a decisão do tribunal, o Governo queniano fez progressos significativos na preparação da missão", garantiu o embaixador queniano na ONU, Martin Kimani. Especificou ainda que o conceito de operações da missão e as regras para o uso da força foram preparados, em cooperação com Port-au-Prince.

Kimani salientou que o seu Governo está a preparar para meados de Fevereiro uma "conferência de planeamento" com outros países prontos a enviar agentes policiais, assim como uma conferência de doadores para financiar a missão.

"Esperamos que esta iniciativa permita a implantação sem demora", observou, sem mencionar uma data.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,26 jan 2024 7:59

Editado porAndre Amaral  em  4 mai 2024 23:28

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