"Avida quotidiana do povo haitiano é dolorosa, por isso o Conselho de Segurança (...) deve agir urgentemente, autorizando o envio de uma missão multinacional de apoio à segurança, policial e militar", frisou Ariel Henry na ONU, quase um ano depois de ter solicitado pela primeira vez tal intervenção.
Os gangues controlam a maior parte da capital deste pobre país caribenho.
A polícia nacional haitiana, no entanto, não consegue enfrentá-los, daí a ideia de uma força multinacional de apoio a este país que atravessa múltiplas crises políticas e humanitárias.
Pelo menos 3.494 pessoas foram vítimas de assassínios, ferimentos e sequestros relacionados com gangues no Haiti durante os primeiros seis meses do ano, divulgou no final de agosto a Unidade de Direitos Humanos do Gabinete Integrado da ONU no Haiti (BINUH).
"Peço à comunidade internacional que atue, e que o faça rapidamente", insistiu, enumerando os horrores que os gangues estão a causar à sua população.
"Sequestros para resgate, assaltos, incêndios criminosos, massacres recentes, violência sexual e de género, tráfico de órgãos, tráfico de seres humanos, homicídios, execuções extrajudiciais, recrutamento de crianças-soldados, bloqueios de estradas principais", enumerou o primeiro-ministro.
Os Estados Unidos anunciaram esta sexta-feira que vários países pretendem contribuir, sob a liderança do Quénia, para esta força que o Haiti solicita há um ano, mas a sua criação demorará, sem dúvida, mais alguns meses, para não falar do seu efetivo destacamento.
"Entre 10 a 12 países fizeram ofertas concretas para esta missão" de apoio à segurança da polícia no Haiti, indicou a número dois do Departamento de Estado norte-americano, Victoria Nuland, após uma reunião ministerial sobre o Haiti à margem da Assembleia Geral.
A responsável recusou citar os países, mas a Jamaica, as Bahamas e Antígua e Barbuda indicaram que vão participar, enquanto o Quénia, que se voluntariou para liderar a força, ofereceu-se para fornecer 1.000 membros da força de segurança.
Os Estados Unidos pretendem fornecer apoio logístico significativo -- transporte aéreo, comunicações, habitação, assistência médica -- mas não, à partida, forças de segurança terrestres.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, anunciou, por sua vez, que o Governo de Joe Biden vai pedir ao Congresso 100 milhões de dólares para financiar a força.
O Haiti aguarda a 'luz verde' do Conselho de Segurança da ONU para a criação da força, mesmo que esta missão não seja realizada sob a bandeira da ONU.
Um projeto de resolução preparado pelos Estados Unidos e pelo Equador deve ser discutido na próxima semana na ONU, acrescentou Nuland, expressando "forte apoio" a este pedido.